Depois de duas derrotas consecutivas, o PSG voltou às vitórias no passado sábado contra o Nice. Um golo de Messi e outro de Sergio Ramos foram o suficiente para garantir o importante triunfo da equipa de Christophe Galtier, que foi recebido com assobios e tarjas insultuosas por um clube onde foi treinador durante um ano e antes de assinar pelos parisienses. Mas Galtier nem poderia imaginar o quanto essa passagem pelo Nice ainda iria causar ondas de choque.

A bomba explodiu esta quarta-feira. A RMC Sport teve acesso a emails enviados por Julien Fournier, antigo diretor desportivo do Nice, a responsáveis da Ineos, a atual dona do clube francês: nessa correspondência, acusa Christophe Galtier de atitudes e discursos racistas e xenófobos, recordando episódios que decorreram no início de agosto de 2021, menos de um ano antes de assinar pelo PSG.

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“O Christophe Galtier entrou no meu gabinete e cumprimentou o filho, que me disse ‘podes comprovar com o meu pai tudo aquilo que te disse’ [o filho de Galtier é agente de jogadores]. Quando o agente/filho saiu, contei a Galtier a conversa que tínhamos acabado de ter e perguntei-lhe se era verdade. Ele disse que sim e que eu tinha de ter em conta a realidade existente na cidade e que, efetivamente, não podíamos ter tantos negros e muçulmanos na equipa”, começa por referir o antigo diretor desportivo no email em questão.

Mais à frente, no mesmo email, Julien Fournier revela que o treinador natural de Marselha explicou que foi “a um restaurante e toda a gente lhe caiu em cima, a dizer que a equipa estava cheia de negros”. “Tens de ter noção de que a equipa não corresponde à cidade nem àquilo que as pessoas pedem”, acrescentou. Já no fim do email, o antigo diretor desportivo do Nice relata uma reunião com John Valovic-Galtier, filho adotivo do treinador e não o que estava presente no primeiro episódio, onde este indicava que a situação do pai no clube era “insustentável”.

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“Perguntei-lhe o que se passava e explicou-me que esta equipa não era como ele, que não podíamos continuar assim. Pedi-lhe ajuda, porque não estava a conseguir entender o que queria dizer, e disse-me: ‘Construíste uma equipa de escória’. Pedi-lhe que fosse mais preciso e acrescentou: ‘Só há negros e metade da tua equipa está na mesquita à sexta-feira à tarde’. Respondi-lhe que estava indignado com aqueles comentários e pedi-lhe que abandonasse o meu gabinete imediatamente”, termina Julien Fournier.

De recordar que, no passado mês de setembro, o antigo diretor desportivo do Nice já tinha dado a entender que a saída de Christophe Galtier do clube não tinha sido propriamente pacífica. “Se algum dia explicar as razões por que nos chateámos, porque é essa a palavra certa, ele não volta a entrar num balneário, nem em França nem na Europa”, atirou. Entretanto, já durante a tarde desta quarta-feira, o treinador francês negou “com a maior firmeza” todas as acusações através de um comunicado do advogado, onde garante que ficou “chocado ao conhecer os comentários insultuosos e difamatórios”.

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Certo é que, independentemente da defesa que ainda possa apresentar, o futuro de Christophe Galtier no PSG pode não ter grande horizonte. Também de acordo com a RMC Sport, Nasser Al-Khelaïfi ficou chocado com a notícia e pretende apurar toda a verdade para tomar uma decisão definitiva sobre a permanência ou a demissão do treinador — opção que, é preciso sublinhar, é colocada em cima da mesa também pela temporada cinzenta do clube, entre os tropeços internos e a eliminação nos oitavos de final da Liga dos Campeões.

No cenário da saída de Galtier do PSG, de forma imediata ou apenas no final da temporada, a verdade é que são já vários os clubes high profile que precisam de encontrar um novo treinador no próximo mercado de verão: para além dos franceses, contam-se Tottenham e Chelsea, Real Madrid se Carlo Ancelotti for mesmo para o Brasil, Inter Milão se Simone Inzaghi acabar por sair e até o Al Nassr de Cristiano Ronaldo, onde Rudi Garcia está cada vez mais perto de ser despedido.