A comissão coordenadora permanente das forças de serviço e de segurança anunciou esta segunda-feira uma manifestação junto à Presidência da República, dia 2 de agosto, quando Marcelo Rebelo de Sousa receber o Papa, além de ações em aeroportos, portos e fronteiras.

O anúncio foi feito pelo secretário da comissão coordenadora permanente das forças de serviço e de segurança, César Nogueira, em conferência de imprensa no Porto.

O dirigente da estrutura que agrega a GNR, PSP, Polícia Marítima, Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) e Guarda Prisional revelou que irão estar presentes quando Marcelo Rebelo de Sousa receber o Papa Francisco, a 2 de agosto, “posicionando-se junto à residência oficial do Presidente da República, com uma concentração dos profissionais das forças e serviços de segurança”.

“Certamente até sua santidade ficará a saber como são tratadas as forças de segurança em Portugal, e esperamos que o transmita ao Presidente da República”, afirmou César Nogueira.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O chefe da Igreja Católica estará em Portugal de 2 a 6 de agosto durante a Jornada Mundial da Juventude que juntará milhares de jovens em Lisboa.

“Iremos fazer ações a nível nacional, até porque queremos que os cidadãos que vêm ao nosso país saibam como são tratadas as forças e serviços de segurança. Iremos entregar panfletos com essas informações. Iremos estar nos aeroportos do Porto, Lisboa e Faro, no porto marítimo de Lisboa, na Gare do Oriente e em algumas fronteiras, não sabemos ainda em quais porque depende do que o Governo delinear para esses locais. Isso será feito nos dias 24, 25 e 26 [de julho]”, disse.

Para além das ações públicas, o secretário da estrutura anunciou ainda “algumas surpresas” para o período entre 01 e 06 de agosto, em que decorrerá a JMJ, argumentando com a necessidade de serem “criativos” pois nem “todos têm direito à greve” num esforço para demonstrar “o que o Governo considera das forças de segurança, ou seja, o desrespeito e a desconsideração que tem levado a [que haja] cada vez mais desmotivação das forças e serviços de segurança”.

No centro das queixas das estruturas está a “atualização dos vencimentos através dos estatutos remuneratórios das diversas instituições, algumas delas sem atualização desde a sua criação, ou seja, desde 2009, tirando os pequenos acertos por causa da inflação”, esclareceu o porta-voz.

A isto junta-se as reivindicações em torno dos apoios à saúde, lembrando César Nogueira que “durante o ano descontam 13,5% durante 14 meses”, situação que querem ver revista pois “existe um grande ‘superavit’ em todos os subsistemas [de saúde] e existem condições para baixar essa percentagem”, lamentando que o Governo não o tenha, entretanto, alterado.

“O nosso país é considerado seguro não devido aos governantes, mas graças ao uso e abuso dos seus profissionais (…) cujos salários não são atualizados há 10 anos. Ninguém consegue viver com os vencimentos de há 10 anos. A inflação está como está, aumentou tudo, inclusive o preço das habitações e as pessoas têm despesas e têm de ficar sem esse problema para poder fazer o serviço com o pensamento focado no serviço”, assinalou.

César Nogueira alertou, entretanto, que o delineado “não se esgota com a JMJ, fazendo depender da “resposta ou não resposta do Governo” futuras ações, (…) quando for a discussão do Orçamento do Estado” em que pensam fazer “uma grande ação de rua” porque querem “ver contemplada a questão dos vencimentos”.

Papa Francisco revela que já há 400 mil inscritos na JMJ de Lisboa e apela: “Abram o coração a outras culturas”

Voltando à JMJ, prometem estar em “todos os locais possíveis” em protesto e que entre os “50 mil profissionais, entre a PSP e a GNR, alguns poderão ajustar os seus horários e participar nas ações”, disse o secretário da comissão coordenadora permanente.

“A nossa intenção é envolver o cidadão, até porque confia nas polícias (…) não queremos colocar em risco a JMJ”, garantiu César Nogueira.