O primeiro dos dois dias de greve dos médicos registou uma adesão de cerca de 90% a nível nacional, afetando cirurgias programadas e consultas externas, adiantou esta quarta-feira o sindicato que convocou a paralisação.
“A adesão de facto foi mesmo muito elevada, superior ao que aconteceu em março, o que demonstra o descontentamento dos médicos”, adiantou à agência Lusa a presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fnam).
Segundo Joana Bordalo e Sá, a adesão à greve “rondou os 90% a nível nacional”, sendo mais elevada nos blocos operatórios, em que “95% pararam” relativamente à atividade programada, realizando apenas cirurgias de urgência.
Os serviços mínimos foram cumpridos escrupulosamente e não houve qualquer tipo de problema”, garantiu ainda a dirigente sindical, ao avançar que também aderiam ao protesto “praticamente 100%” dos médicos internos, ficando a trabalhar esta quarta-feira apenas os que estavam de urgência.
Relativamente aos cuidados de saúde primários, a dirigente da Fnam adiantou que nas unidades de saúde familiar a “adesão foi muito elevada”, chegando mesmo a “rondar os 100%”.
Quanto ao Hospital de Santa Maria, o maior do país, os dados da federação sindical indicam uma adesão de 80% na consulta externa, com os “blocos operatórios parados”, apenas funcionando os blocos de urgência.
Os médicos iniciaram às 00h de esta quarta-feira dois dias de greve para exigir, de acordo com a Fnam, “salários dignos, horários justos e condições de trabalho capazes de garantir um Serviço Nacional de Saúde à altura das necessidades” da população.
Apesar de as duas últimas reuniões negociais com o Ministério da Saúde estarem agendadas para 7 e 11 de julho, a federação decidiu manter a paralisação, que se estende até às 24h de quinta-feira, face “ao adiar constante das soluções” e “à proposta insatisfatória” que recebeu do Governo, não excluindo uma nova greve nacional na primeira semana de agosto.
Esta é a segunda greve convocada pela Fnam este ano, depois da paralisação realizada no início de março para exigir a valorização da carreira e das tabelas salariais, mas que não contou com o apoio do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), que se demarcou do protesto por considerar que não se justificava enquanto decorriam negociações com o Governo.
Após ter terminado o prazo inicialmente previsto para as negociações no final de junho, na semana passada o SIM anunciou também uma greve nacional para 25, 26 e 27 de julho em protesto contra “a incapacidade” do Governo em “apresentar uma grelha salarial condigna”.