As ilhas Orkney, localizadas a norte da Escócia, estão insatisfeitas com o financiamento que lhes é atribuído pelo governo britânico e encontram-se a estudar aquilo que o governo local classifica como “formas alternativas de governação”, detalha a Euronews. Uma deles passa pelo regresso do arquipélago à Noruega, país ao qual as Orkney já pertenceram, há mais de 50o anos.
Mas há outras hipóteses em cima da mesa, e que saíram de uma reunião do Conselho das Orkney (uma espécie de governo local). A moção, aprovada, por 15 dos 21 conselheiros, admite a adoção de um modelo de governação mais próximo do que existe hoje nas ilhas de Man, Guernsey ou Jersey, que estão sob a soberania da Coroa Britânica, mas que não fazem parte do Reino Unido.
Em relação ao hipótese mais ‘extrema’, a de um regresso à Noruega, de que as Orkney já fizeram parte até 1473, o líder do Conselho das ilhas justificou a possibilidade com a história e com o sentimento de pertença dos habitantes. “Fizemos parte do reino do norte [Noruega] muito mais tempo do que fazemos parte do Reino Unido”, disse à BBC James Stockan, acrescentando: “Nas ruas de Orkney, as pessoas vêm até mim e perguntam: Quando vamos voltar para a Noruega?”.
Perante as conclusões da reunião do conselho local, o governo de Londres afasta qualquer hipótese de o arquipélago se separar do Reino Unido. “Não há mecanismo” para que qualquer parte do Reino Unido se torne uma dependência da Coroa ou território ultramarino, esclareceu o porta-voz do primeiro-ministro, Rishi Sunak.
Também a Noruega apressou-se a distanciar-se do tema, com o Ministério das Relações Exteriores a sublinhar que Oslo não tem opinião sobre o assunto, uma vez que se trata de “uma questão interna britânica interna”.
Na génese do descontentamento das ilhas estão as verbas transferidas anualmente para o arquipélago. O líder do Conselho das Orkney (uma espécie de governo local) queixa-se de que as ilhas — com cerca de 22 mil habitantes — são vítimas de discriminação em relação ao financiamento que outras ilhas recebem. As Orkney têm autonomia na gestão de alguns serviços, que gerem com verbas transferidas pelo governo britânico.
Com a insatisfação das ilhas a ganhar dimensão internacional, o governo escocês, já prometeu, para 2023-2024 um reforço do financiamento das Orkney. As ilhas vão receber 90 milhões de libras (cerca de 104 milhões de euros) para financiar serviços, com um extra de mais de 5 milhões de euros, referente ao aumento dos impostos municipais.
Outra das preocupações do arquipélago é o estado em que se encontram os ferries que fazem a ligação ao território continental escocês. As Orkney consideram que são inadequados e acusam o governo escocês de ainda não ter intervido quanto a isso.”Todos sabem qual é a nossa maior necessidade, um arquipélago não pode sobreviver sem um serviço de ferries confiável e sustentável”, referiu Stockan.