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O Governo norte-americano fornecerá munições de fragmentação à Ucrânia num novo pacote de ajuda militar que deverá ser anunciado pelo Pentágono na sexta-feira, noticiou a agência Associated Press.

O Pentágono fornecerá munições com uma “taxa de insucesso” reduzida (inferior a 3%), o que significa que haverá muito menos cartuchos não detonados que podem resultar em mortes não intencionais de civis.

Autoridades norte-americanas disseram esta quinta-feira que o próximo pacote de assistência militar à Ucrânia deverá ascender a 800 milhões de dólares (735 milhões de euros).

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Há muito procuradas pela Ucrânia, as munições de fragmentação libertam explosivos mais pequenos que se espalham por uma grande área e visam causar destruição em vários alvos ao mesmo tempo.

Segundo a AP, autoridades e outros funcionários familiarizados com a decisão não foram autorizados a discuti-la publicamente antes do anúncio oficial e falaram sob condição de anonimato.

As autoridades ucranianas pediram essas armas de forma a alavancar a sua campanha para passar pelas linhas de tropas russas, na contraofensiva em andamento. Fontes dos EUA dizem que as forças russas já usam munições deste tipo no campo de batalha.

O último uso em larga escala de munições de fragmentação por parte dos Estados Unidos foi durante a invasão do Iraque, em 2003, de acordo com o Pentágono, e as forças norte-americanas consideraram essas munições uma arma-chave durante a invasão do Afeganistão, em 2001, de acordo com a Human Rights Watch.

Os defensores da proibição das armas de fragmentação dizem que estas matam indiscriminadamente e colocam civis em perigo muito tempo depois do seu uso e algumas ONG alertaram para as consequências da utilização dessas munições pela Rússia na Ucrânia.

Uma convenção que proíbe o uso de bombas de fragmentação foi acompanhada por mais de 120 países que concordaram em não usar, produzir, transferir ou armazenar as armas e destruí-las depois de usadas. Os Estados Unidos, Rússia e a Ucrânia estão entre os países que não assinaram essa convenção.

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Conselheiro de Zelensky acusa organização humanitária de estar do lado da Rússia

No meio de notícias que dão conta de que os EUA se preparam para enviar bombas de fragmentação à Ucrânia, um dos principais conselheiros do Presidente ucraniano teceu duras críticas à organização humanitária Human Rights Watch (HRW), que acusou de “impotência, cobardia e total imoralidade”.

Em causa estão as críticas da HRW ao possível envio deste tipo de armamento para ser usado na frente de combate. Citando investigações no terreno que dão conta do seu uso por ambos os lados do conflito, a organização sublinhou que estas armas matam de forma “indiscriminada por natureza”, e apelaram a que russos e ucranianos as parassem de usar.

“Munições de fragmentação usadas pela Rússia e pela Ucrânia estão a matar civis agora e vão continuar a fazê-lo durante muitos anos”, disse Mary Warehm, diretora de armamento da HRW. “Ambos os lados devem imediatamente parar de usá-las e de tentar adquirir mais destas armas indiscriminadas”. Do mesmo modo, a Human Rights Watch apelou a Washington para reconsiderar a decisão de fornecer estes explosivos.

A resposta indignada de Mykahilo Podolyak surgiu no Twitter, com o conselheiro de Zelensky a questionar se a posição da HRW se tratava de “uma piada”, acusando ainda a a organização de querer impedir a Ucrânia de cumprir os seus objetivos militares.

“Esta ‘organização humanitária’ de papel e caneta acusa… o povo ucraniano de não se desarmarem suficientemente depois das convenções internacionais de 2005 e o Memorando de Budapeste”, acusou Podolyak, acrescentando que a Human Rights Watch “está a levar a cabo uma agressiva campanha de lobbying… Não, não para expulsar a Rússia da ONU, mas para afetar a provisão de armas à Ucrânia”.

O conselheiro de Zelensky questionou mesmo as motivações da HRW, insinuando que agentes russos estariam por trás das ações do grupo. “Será que a infiltração de agentes russos em vários escritórios mundiais finalmente destruiu todos os princípios da moralidade?”, acusou.

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