Não era propriamente imbatível, também não andava muito longe desse estatuto. Depois de alguns anos com o físico e o talento para dominar um mundo do ténis que muitas vezes a dominava, Aryna Sabalenka evoluiu, acrescentou maturidade ao seu jogo e foi subindo degraus na hierarquia mundial com percursos em todos os torneios que em 2023 só não valeu pelo menos os quartos em Roma e em Berlim. Aliás, e ao contrário de Iga Swiatek, a bielorrussa mostrava essa força em qualquer tipo de piso, como se viu nas vitórias no Open da Austrália, em Adelaide e em Madrid ou nas finais perdidas em Indian Wells e em Estugarda. O desafio estava agora na relva, onde nem começou da melhor forma a época. O desafio dela e o desafio de Ons Jabeur.
Ons Jabeur is BACK in the Wimbledon Final ????
She is the first player since SERENA to beat three top 10 opponents at Wimbledon ???? pic.twitter.com/pOhejAg0Xo
— Bleacher Report (@BleacherReport) July 13, 2023
Sabalenka poderia chegar a uma segunda final de Grand Slam, entre a decisão ganha no Open da Austrália e as meias-finais perdidas em Wimbledon (2021), no US Open (2021 e 2022) e em Roland Garros (2023). Já a tunisina, que ganhou este ano o seu quarto WTA no Open de Charleston, voltava ao top 4 de Wimbledon com essa possibilidade de “vingar” a final perdida de 2022 frente a Elena Rybakina (a que se seguiu mais uma decisão no US Open, neste caso com derrota frente a Swiatek), tendo essa dose extra de moral por ter ganho precisamente à cazaque no encontro dos quartos onde voltou a mostrar que é uma das jogadoras mais queridas entre os adeptos britânicos, que não esquecem a presença histórica no torneio em 2022.
Ons Jabeur is the 3rd woman in the last 20 years to reach back to back Wimbledon finals.
Serena & Venus Williams are the only other names on the list.
Ons is in good company. ❤️ pic.twitter.com/CXLSy3YBIx
— The Tennis Letter (@TheTennisLetter) July 13, 2023
Após vencer nas meias-finais Tatjana Maria, Jabeur, de 28 anos, tornou-se a primeira jogadora africana e árabe a chegar a uma decisão do Grand Slam. “Não é fácil ser a única mulher árabe no circuito. Mas nunca sabes, talvez uma esteja a ver televisão e queira estar, algum dia, no meu lugar. Quero enviar-lhes uma mensagem: se eu pude, outras podem. Não olho só para mim, trato de inspirar outras gerações que vêm aí. Sou uma orgulhosa mulher tunisina aqui hoje. Sei que na Tunísia devem estar loucos. Tento inspirar o mais que posso, quero ver mais africanos no circuito. Amo o jogo, quero partilhá-lo com eles”, comentou a jogadora que é conhecida no circuito como a “Ministra da Felicidade” após o triunfo que lhe valeu um lugar na história que tinha ainda um último capítulo por escrever – o que pode surgir no sábado.
“They call you ‘Minister of Happiness.’ How do you deal with the hopes & expectations?”
Ons Jabeur: “The good thing about those people, they tell me ‘Win or lose, we love you.’ Those are good words to hear.. hopefully I can make history, not just for Tunisia, for Africa” ????❤️ pic.twitter.com/9cyIS3gfYv
— The Tennis Letter (@TheTennisLetter) July 13, 2023
“Sinto-me bem. Estou muito contente com a minha exibição, foi muito emocionante. É frustrante defrontar alguém que serve tão bem, passei por muitas emoções mas estou muito satisfeita pela forma como lidei com tudo. Podia ter caído para o meu lado aquele primeiro set. Não parava de gritar com o meu treinador, tentei voltar ao encontro, acreditar no plano. Acho que acabarei por escrever um livro sobre as minhas emoções”, referira agora depois do triunfo contra Rybakina. Questão: conseguiria a tunisina contornar uma bielorrussa com apenas um set perdido até às meias-finais e em crescendo entre as favoritas à vitória? Sim. E com nova recuperação fabulosa, Jabeur repete a decisão do último ano com a checa Markéta Vondrousová, que batera antes Elina Svitolina com um duplo 6-3 para chegar também à segunda decisão de Grand Slam, tendo mais uma oportunidade de ouro para tornar-se a primeira africana e árabe a ganhar num Major.
My tattoo is better than yours ???? @SabalenkaA ???????? pic.twitter.com/5oC0rfCuXF
— Ons Jabeur (@Ons_Jabeur) August 23, 2021
Say what?? Wanna see me in the finals?? I SAY YES WIMBLEDON ???? ???? Let’s go!!! pic.twitter.com/eNkKdQuDuK
— Ons Jabeur (@Ons_Jabeur) July 13, 2023
A display of sportsmanship and friendship from Ons Jabeur and Aryna Sabalenka ❤️
(via sabalenka_aryna/IG) pic.twitter.com/Zj7Gqrc2vX
— SportsCenter (@SportsCenter) July 13, 2023
Mais uma vez, foi essa frieza nos momentos chave que fez a diferença. Durante o primeiro set, Jabeur teve jogos de serviço até mais tranquilos do que Sabalenka, que andou em vantagens ou empates a 30, mas o tie break acabou por mudar a marcha do jogo a partir do momento em que a tunisina não conseguiu capitalizar um winner fantástico que fez o 4-2 e permitiu que a bielorrussa passasse para cima com dois breaks que valeram depois o 7-5. O filme estava em alguns pontos semelhante ao encontro de Jabeur com Rybakina nos quartos e também aqui o primeiro break parecia ter “arrumado” com a partida: depois de quatro jogos de serviço, a tunisina teve um período para esquecer com vários erros, a bielorrussa fez o 3-2 e a partir daí tinha tudo para gerir a vantagem mas Ons Jabeur renasceu das “cinzas”, ganhou quatro jogos consecutivos entre dois breaks à adversária e fechou o segundo set em 6-4, deixando tudo em aberto na meia-final.
Yes, @Ons_Jabeur won this match ???? #Wimbledon pic.twitter.com/7yjOzuKbBc
— Wimbledon (@Wimbledon) July 13, 2023
Outrageous Ons ????
This stunning forehand winner from @Ons_Jabeur is today's Play of the Day presented by @BarclaysUK #Wimbledon pic.twitter.com/9t82Z4A02h
— Wimbledon (@Wimbledon) July 13, 2023
Ao contrário de Rybakina, Sabalenka ainda conseguiu travar o ascendente emocional de Jabeur no início do terceiro set, segurando o seu serviço até ao 3-2. Aí, num sexto jogo que decidiu tudo, as duas jogadoras foram falhando bolas fáceis, desperdiçaram vantagens mas acabou por imperar a frieza da tunisina, a jogar com a impaciência que se tinha apoderado da bielorrussa e a quebrar o serviço para fazer o 4-2 que deixava nova presença na final confirmada caso mantivesse os seus jogos, como acabou por acontecer até ao 6-3.
ONS-TOPPABLE ????????@Ons_Jabeur produces a stunning comeback against No.2 seed Aryna Sabalenka to reach the ladies’ final, 6-7(5), 6-4, 6-3 ????#Wimbledon pic.twitter.com/cFSnkIn55Y
— Wimbledon (@Wimbledon) July 13, 2023
The noise when @Ons_Jabeur sealed the set ????#Wimbledon pic.twitter.com/6uLK9ye5v4
— Wimbledon (@Wimbledon) July 13, 2023
Back-to-back #Wimbledon finals for @Ons_Jabeur ✨ pic.twitter.com/qsfq7sP3hW
— Wimbledon (@Wimbledon) July 13, 2023