O chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, pediu esta sexta-feira ao secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, que Washington atue de forma “racional” e “pragmática”, para melhorar as relações com Pequim.
Ambos estão em Jacarta a participar num encontro entre os ministros dos Negócios Estrangeiros da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), que reúne 10 países, e parceiros externos.
O diretor do Gabinete da Comissão para as Relações Externas do Partido Comunista da China exortou os Estados Unidos a não interferirem nos assuntos internos da China, numa referência a Taiwan, e a deixarem de atacar a China nas áreas de economia, comércio ou tecnologia, através da imposição de “sanções ilegais”.
Em comunicado, Wang Yi explicou que a reunião foi realizada a pedido dos EUA e que ambos os lados concordaram que foi honesta, pragmática e construtiva.
Entre as principais questões de atrito, destaca-se a ilha autónoma de Taiwan, que a China reivindica como parte do seu território, a ser reunificada, através da força, caso seja necessário.
Os EUA são o principal aliado e fornecedor de armamento de Taiwan.
A China aumentou a escala e frequência dos exercícios militares próximo de Taiwan e assumiu maior assertividade nas suas reivindicações territoriais no Mar do Sul da China, enquanto os Estados Unidos colocaram barreiras ao acesso de Pequim a “chips” semicondutores, componentes essenciais no fabrico de alta tecnologia.
A reunião aconteceu dois dias depois de a Microsoft ter denunciado um ataque a partir de um computador alegadamente localizado na China contra a correspondência eletrónica de várias agências estatais dos EUA.
As negociações em Jacarta acontecem quase um mês depois de Blinken se ter deslocado a Pequim, a primeira visita do principal diplomata dos EUA em quase cinco anos.
Blinken reuniu-se com o Presidente chinês, Xi Jinping, com o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, e com o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Qin Gang.
A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, também esteve em Pequim, na semana passada, visando melhorar as relações.
A guerra na Ucrânia, a crise no Myanmar (antiga Birmânia), a ameaça nuclear da Coreia do Norte e as disputas territoriais pela soberania do Mar do Sul da China, entre Pequim e vários países vizinhos, são algumas das questões que estão a ser debatidas na reunião da ASEAN, que termina esta sexta-feira.
Wang e Blinken, bem como os altos representantes estrangeiros da União Europeia e de países como a Rússia, Índia, Japão, Coreia do Sul e Austrália, entre outros, participam também em reuniões multilaterais.
Fundada em 1967, a ASEAN é composta pelas Filipinas, Brunei, Camboja, Indonésia, Laos, Malásia, Singapura, Tailândia, Vietname e Myanmar e estabeleceu já um roteiro para a inclusão de Timor-Leste.