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O chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, realiza desde esta quinta-feira até sábado uma “visita de trabalho” à Federação Russa, a convite do homólogo russo, Vladimir Putin, confirmou a Presidência da República de Moçambique, em comunicado.

Durante a visita, o Presidente moçambicano vai participar na II Cimeira Rússia-África, que terá lugar em São Petersburgo, sob o lema “Em prol da Paz, Segurança e Desenvolvimento”.

“A participação do Presidente Nyusi nesta Cimeira tem em vista o reforço das relações de amizade, solidariedade e cooperação entre a Rússia e o continente africano em vários domínios de interesse mútuo, bem como ao nível bilateral”, de acordo com o comunicado da Presidência.

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Fontes do Kremlin indicaram estar prevista uma reunião entre os chefes de Estado russo e moçambicano à margem desta cimeira.

A Lusa avançou na quarta-feira que o Presidente moçambicano era um dos chefes de Estado presentes na Cimeira Rússia-África. Anteriormente, analistas moçambicanos consideraram que o encontro entre os Presidentes de Moçambique e da Rússia vai servir para reafirmar a neutralidade do país no conflito russo-ucraniano, além de reforçar a cooperação bilateral.

Apenas dois Presidentes lusófonos confirmados na cimeira Rússia/África; Cabo Verde ausente

“Penso que é um encontro que visa estreitar a imparcialidade dos países participantes em relação ao conflito com a Ucrânia”, disse à Lusa Mohamed Yassin, analista moçambicano.

Os Presidentes de Moçambique, Comores, Zimbabué, Burundi, Eritreia e Uganda vão reunir-se esta quinta-feira com o chefe de Estado russo, Vladimir Putin, à margem da cimeira Rússia-África, que decorre até sexta-feira em São Petersburgo, anunciou a imprensa russa.

Calton Cadeado, académico moçambicano, considerou que a ida de Nyusi para um encontro com Putin tem a ver com as relações históricas entre os dois países, referindo que Moçambique “confirmou há muito tempo a sua presença ao mais alto nível”.

“Moçambique vai para reafirmar os laços históricos de cooperação com a Rússia, mas não dizer que apoia a invasão à Ucrânia, até porque já afirmou a sua posição no Conselho de Segurança das Nações Unidas”, vincou o analista.

Maputo absteve-se em todas as votações na ONU sobre a invasão russa da Ucrânia, defendendo a resolução pacífica do conflito.

Para Calton Cadeado, a Rússia e o Ocidente podem interpretar a neutralidade de Moçambique como um “apoio implícito” a Putin, mas, afirmou, o país é “responsável pelo que faz e diz” e não pelo que “os outros interpretam”.

A Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde a independência) foi um aliado de Moscovo durante o tempo da ex-URSS, tendo recebido apoio militar durante a luta contra o colonialismo português e ajuda económica depois da independência, em 1975.

Cadeado referiu ainda que a realização da cimeira com África é uma forma de a Rússia mostrar ao mundo que não está isolada.

O Presidente russo vai receber para esta cimeira os representantes de 49 dos 54 países africanos, incluindo 17 chefes de Estado, depois de criticar aquilo que chamou de “pressões sem precedentes” por parte dos Estados Unidos e de França para os países africanos não participarem.

Espera-se desta segunda cimeira que a Rússia e os países africanos assinem um “plano de ação até 2026” e uma série de documentos bilaterais, como anunciou o Kremlin, tentando que a relação vá além dos acordos na área da defesa e venda de armas, que resumem, na maioria dos casos, até hoje a relação de Moscovo com África.

Contudo, para Moscovo, o mais importante, segundo analistas internacionais ouvidos pela Lusa, é mostrar um entendimento com os Estados africanos, apesar do conflito na Ucrânia, que alguns condenaram na ONU, e do fim do acordo dos cereais.