Para quem mora em Lisboa, Oeiras, Loures, Cascais e arredores, e não quer fazer parte dos eventos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), a próxima semana vai trazer complicações a vários níveis. Fazer deslocações, em veículo próprio ou de transportes, no perímetro dos eventos, bem como frequentar alguns serviços ou espaços públicos pode não ser possível entre 1 e 6 de agosto. Ainda assim, quem tem mesmo de ficar pela capital na primeira semana de agosto poderá fazer uma vida quase normal, mas com limites. Saiba quais (e como escapar).
Onde é que não posso mesmo circular?
Só a circulação rodoviária é que estará interdita, ou limitada, em algumas zonas da cidade, durante os dias do evento. A pé poderá sempre circular em qualquer altura e em todos os locais de Lisboa, Loures, Oeiras e Cascais, onde vão realizar-se os eventos. Quem pretende deslocar-se de carro é que terá de estudar bem o mapa traçado no plano de mobilidade, que delimitou as chamadas zonas vermelha, amarela e verde.
Resumidamente, as zonas compreendidas entre o Parque Eduardo VII e o Terreiro do Paço estarão fechadas ao trânsito a 1, 3 e 4 de agosto. A 5 e 6 será o Parque Tejo a encerrar à circulação de viaturas. Também haverá constrangimentos no Passeio Marítimo de Algés.
Haverá ainda estações de metro e de comboio fechadas ao longo dos dias dos eventos. As estações/apeadeiros da CP em Moscavide, Sacavém, Bobadela e S. João da Talha estarão interditas nos dias 5 (sábado) e 6 agosto (domingo).
No metro, os enceramentos terão lugar nas estações Avenida, Marquês de Pombal, Parque e Picoas, nos dias 1, 3 e 4 de agosto.
O terminal da Carris Metropolitana no Marquês de Pombal será relocalizado nos seis dias que dura o evento, ficando junto ao jardim da Fundação Calouste Gulbenkian.
Vou poder andar de transportes?
Sim. E haverá reforço dos transportes públicos tendo em conta o que é normal para o mês de agosto. Ou seja, os operadores tentarão “aproximar a oferta à existente em período escolar, com especial atenção para os horários e locais dos eventos, de modo a minimizar perturbações dos utentes habituais, nas suas deslocações diárias”, refere o plano de mobilidade da JMJ.
Ou seja, pode andar de metro, por exemplo, mas não poderá apanhá-lo nas estações encerradas nem sair nelas.
E de bicicleta?
A rede de bicicletas partilhadas de Lisboa, a Gira, estará condicionada. Segundo a Emel, o serviço vai estar condicionado nas zonas vermelha e amarela. Nestas zonas as estações serão mesmo desativadas e as bicicletas não poderão circular. A proibição acontece entre o Saldanha e Terreiro do Paço entre 30 de julho e 6 de agosto. No Parque das Nações a proibição decorre de 3 a 6 de agosto. A venda de passes anuais, mensais e diários vai ser suspensa entre 31 de julho e 6 de agosto. A Gira voltará a funcionar normalmente a partir do dia 7 de agosto. As trotinetas e motas partilhadas terão as mesmas restrições.
Preciso de uma autorização para circular?
Sim, se residir ou trabalhar no perímetro das zonas vermelhas e quiser circular (sem ser a pé ou transportes públicos), precisará de uma declaração. Segundo a CML, os residentes poderão aceder às suas habitações “devendo para tal apresentar um comprovativo de morada aos agentes que se encontrem a delimitar o perímetro”.
Também “os trabalhadores que tenham que aceder aos seus locais de trabalho dentro da zona vermelha deverão apresentar certidão da entidade patronal que comprove essa necessidade”.
Todas as entradas nas zonas vermelhas terão controlo.
Nas zonas amarelas, a autorização de circulação não será apenas para moradores e trabalhadores com declaração da entidade patronal. Estende-se a cargas e descargas, a quem tem avenças de parques de estacionamento públicos, TVDE, tuk tuks e transportes públicos incluindo táxis.
Vou poder estacionar o carro?
Nas zonas vermelhas, onde é proibida a circulação, não poderá estacionar o carro nos dias da JMJ, uma vez que não poderá circular. A restante operação da EMEL no estacionamento na via pública “não sofre alterações durante este período”.
De acordo com a empresa que gere o estacionamento em Lisboa, os parques localizados na Zona Amarela também terão limitações. Os parques da Calçada do Combro, Campo das Cebolas, Chão do Loureiro, Parque Mayer e Sousa Pinto “estarão encerrados à rotação entre os dias 31 de julho e 4 de agosto ficando apenas disponíveis para acesso a quem tem assinaturas mensais”.
Já o parque exterior de Belém “encontra-se encerrado e servirá de apoio à JMJ entre os dias 26 de julho e 9 de agosto”. Os parques do Lidl (Av.ª Infante D. Henrique) e dos Olivais (Av.ª de Pádua) “terão algumas restrições no acesso, mas apenas nos dias 5 e 6 de agosto”.
Os pontos de atendimento EMEL do Campo Grande e Saldanha estarão encerrados nos dias 3 e 4 de agosto. O ponto de atendimento das Laranjeiras encerrará nos dias 3, 4 e 5 de agosto.
Os serviços públicos vão estar a funcionar?
Se tem assuntos por tratar em serviços municipais ou serviços da administração direta do Estado, como lojas do cidadão, serviços de finanças ou conservatórias, não conte fazê-lo na semana da JMJ. A Câmara de Lisboa concedeu tolerância de ponto aos trabalhadores do município a 4 de agosto e o recomenda o teletrabalho de 31 de julho a 3 de agosto.
JMJ. Governo concede tolerância de ponto em Lisboa nos dias 3 e 4 de agosto
Já o Governo deu tolerância de ponto a 3 e 4 de agosto “aos trabalhadores que exercem funções públicas nos serviços da administração direta do Estado, centrais ou desconcentrados, e nos institutos públicos, localizados no concelho de Lisboa”. Há exceções, no entanto. “Excetuam-se os serviços e organismos que, por razões de interesse público, devam manter-se em funcionamento naquele período, em termos a definir pelo membro do governo competente”. São os casos da PSP ou do INEM, por exemplo.
Em Cascais, no dia 3 de agosto, data em que o Papa Francisco visita o município, estarão encerrados o serviços de atendimento Municipal em Cascais e Tires, os Centros Vida Cascais, as Bibliotecas Municipais em Cascais e S. Domingos de Rana, todos os equipamentos culturais e as lojas Jovem Cascais. Apenas o Balcão Cascais no CascaisShopping e a Linha Cascais (800 203 186) estarão a fazer atendimento ao público.
Em Oeiras, que vai receber dois eventos da JMJ, incluindo um com o Papa, será alargado o horário de funcionamento dos dois atendimentos complementares dos Centros de Saúde de Paço de Arcos e Restelo.
Vai ser possível fazer compras?
Os estabelecimentos comerciais estarão abertos em todas as zonas afetas à JMJ, incluindo nas zonas vermelhas, pelo que poderá fazer compras. Porém, conte com um aumento da afluência de clientes. A pensar nesse fluxo, a CML emitiu um despacho que permite que os supermercados e lojas de conveniência funcionem 24 horas entre 1 e 6 de agosto. Isso não significa que irão fazê-lo. O Continente já anunciou que vai alargar alguns horários nas zonas mais críticas e o Pingo Doce refere ter “flexibilidade” para o fazer.
Além disso, se tinha a intenção de ir à Feira da Ladra na semana da JMJ, poderá fazê-lo. De acordo com a CML, “a Feira da Ladra realizar-se-á, como habitualmente, à terça-feira e sábado”. No entanto, nos dias 1 e 5 de agosto, “alerta-se para eventuais constrangimentos na circulação em Lisboa e nos acessos ao Campo de Santa Clara”.
Mas será o único mercado a funcionar. A realização das feiras do Relógio e das Galinheiras será suspensa no domingo, dia 6 de agosto.
Já em Oeiras, de 31 de julho a 6 de agosto, vai ser possível frequentar todos os estabelecimentos de restauração e bebidas, incluindo lojas de conveniência, até mais tarde, uma vez que poderão funcionar em horário alargado, até à 1h.
Se mora nas chamadas zonas vermelhas, assim identificadas no plano de mobilidade da JMJ por circundarem os locais onde terão lugar os eventos com o Papa, não conseguirá encomendar comida através das plataformas de delivery, e as entregas de outros bens também estarão limitadas ou com tempos elevados de espera.