Um juiz do Supremo Tribunal de Justiça dos EUA aceitou durante as três décadas que já leva no cargo mais viagens de luxo e prendas de multimilionários do que se pensava, revelou esta quinta-feira a organização de investigação jornalística ProPublica.

Segundo a ProPublica, o juiz Clarence Thomas aceitou, da parte de milionários os EUA, pelo menos 38 viagens de luxo, o que se desconhecia até agora, entre as quais estadias em luxuosos resorts no Estado da Florida e na Jamaica, além de 26 viagens em aviões privados, oito voos em helicóptero e bilhetes para eventos desportivos.

Muitas destas viagens foram feitas na companhia da mulher, Virginia “Ginni” Thomas, uma ativista conservadora, que esteve envolvida na campanha promovida por Donald Trump, para reverter o resultado da eleição presidencial que perdeu para Joe Biden, em 2020.

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O problema das viagens é que Thomas não as mencionou nos relatórios financeiros que tem de entregar ao Supremo Tribunal em cumprimento de legislação anticorrupção, que foi aprovada depois do escândalo Watergate na década de 1970.

A ProPublica já revelou em abril que Thomas tinha ido de férias durante mais de duas décadas em super iates e aviões privados pagos pelo conhecido financiador do Partido Republicano e multimilionário do imobiliário Harlan Crow.

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Na altura, a ProPublica avançou que Thomas tinha viajado pelo mundo no super iate de Crow, também no seu avião privado e tinha ido com ele a um resort exclusivo para homens na Califórnia, além de estadias no rancho do multimilionário no leste do Texas.

Thomas, com 75 anos, foi nomeado em 1991 pelo então presidente republicano George H.W. Bush (1989-1993) e, durante os seus mais de 30 anos no cargo, que é vitalício, tem protagonizado algumas das posições mais conservadoras em assuntos como o direito ao abordo ou os direitos da comunidade LGBTQ+.

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