O presidente de Uganda, Yoweri Museveni, rejeitou a “coação” do Banco Mundial, que na terça-feira anunciou que não financiaria este país africano por causa da promulgação de uma polémica lei anti-homossexualidade.
“Quero informar toda a gente, a começar pelos ugandeses, que o Uganda vai desenvolver-se com ou sem empréstimos“, afirmou Museveni na quarta-feira, na sua conta oficial da rede X (antigo Twitter).
Ugandans, especially the Bazzukulu.
Greetings. Things are moving well in Uganda in spite of the corruption of some Public Servants and some elements of the political class.Last night, an official from the World Bank rang me to alert me about the statement from that Bank… pic.twitter.com/vCJMUcD7CZ
— Yoweri K Museveni (@KagutaMuseveni) August 9, 2023
“Por isso, é lamentável que o Banco Mundial e outros atores se atrevam a querer coagir-nos a abandonar a nossa fé, cultura, princípios e soberania, usando dinheiro. Eles subestimam realmente todos os africanos“, acrescentou.
Museveni garantiu que não precisam “da pressão de ninguém para saber como resolver os problemas” da sua sociedade e que vão continuar as conversações com o Banco Mundial para evitar “esta deriva”, tanto quanto possível.
Após a promulgação da polémica, em maio, da lei anti-homossexualidade, que prevê a pena de morte para alguns atos homossexuais e tem sido condenada a nível internacional e sobretudo por grupos de defesa dos direitos humanos, o Banco Mundial enviou uma equipa para o Uganda e determinou que eram necessárias medidas adicionais para garantir que os projetos estivessem em conformidade com as normas ambientais e sociais do banco.
Uganda promulga nova e dura lei anti-homossexuais condenada por ativistas
Nenhum novo financiamento público ao Uganda será apresentado ao nosso Conselho de Administração Executivo até que a eficácia das medidas adicionais tenha sido testada“, afirmou o Grupo do Banco Mundial em comunicado na passada terça-feira.
“O nosso objetivo é proteger as minorias sexuais e de género da discriminação e da exclusão nos projetos que financiamos”, declarou a organização.
De acordo com a lei promulgada, qualquer pessoa que “promova conscientemente a homossexualidade” pode ser condenada a uma pena de prisão até 20 anos, uma disposição que não foi alterada em relação ao projeto de lei original.
A legislação foi fortemente criticada pelas Nações Unidas, pela União Europeia e pelos Estados Unidos, bem como por organizações de defesa dos direitos humanos.