Após uma primeira temporada onde conseguiu deixar o Lille nos lugares europeus apesar da concorrência forte que tinha pelos lugares cimeiros (acabou em quinto), Paulo Fonseca começou a Ligue 1 com uma difícil deslocação a Nice e foi a tempo de “resgatar” um empate nos descontos com um golo de Bafodé Diakité que permitiu um arranque positivo na competição. No entanto, e como o futebol não é tudo, o técnico português continua a acompanhar com muita preocupação a guerra na Ucrânia e fez este domingo um comunicado que foi difundido pelas suas redes sociais onde pedia aos clubes portugueses para não se esquecerem do que se está a passar no mundo e recusem negociar com formações russas como aconteceu com o Sassuolo.

O “pior dia” da vida de Fonseca, a resistência de Lucescu, as orações de Bilodid: as reações do mundo do desporto à invasão russa

“Durante esta última semana tenho lido que o Benfica e o meu SC Braga estão a considerar vender o Chiquinho e o Tormena a clubes russos. O Benfica, que se forma exemplar tem desenvolvido campanhas de ajuda à Ucrânia desde o início da guerra. O meu SC Braga comandado por pessoas sensíveis e com corações enormes. Não quero acreditar, recuso-me a fazê-lo”, começou por escrever o treinador que passou três anos no Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, e que é casado com uma ucraniana, Katerina, com quem estava no país quando começou a invasão da Rússia no dia em que era suposto apanhar um voo para Portugal.

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Ucrânia. Treinador Paulo Fonseca já deixou o país

“Há duas semanas atrás, um clube russo tentou comprar o Rogério, defesa esquerdo do Sassuolo. O clube italiano recusou-se a entrar em negociações e afirmou que por questões éticas relacionadas com a guerra jamais o faria. Fiquei orgulhosamente a pensar que o ‘meu mundo’ continua a ser um exemplo. Lanço um apelo para o Benfica e o meu Braga seguirem o exemplo do clube italiano”, prosseguiu o técnico. De recordar que, no caso dos encarnados, já houve duas vendas anteriores já em guerra para a Rússia, do defesa argentino German Conti para o Lokomotiv Moscovo e do lateral Tomás Tavares para o Spartak Moscovo.

“Eu sei que o tempo passa e as pessoas nas suas casas tendem a já não ouvir muito as notícias relacionadas com a guerra na Ucrânia. Mas todos os dias a Rússia continua a matar pessoas e principalmente crianças inocentes, se calhar algumas delas em casa enquanto assistem a algum jogo de futebol. Uma coisa eu sei, se o Benfica e o meu Braga fecharem negócio com os clubes russos, esse dinheiro virá a pingar com o sangue das crianças que morrem todos os dias na Ucrânia. E muitas dessas crianças amavam o futebol”, concluiu o técnico de 50 anos que passou antes por FC Porto, Sp. Braga ou Roma, entre outros.