O ex-Presidente dos Estados Unidos Donald Trump foi indiciado na Geórgia, esta segunda-feira, por conspiração para reverter ilegalmente a derrota nas eleições de 2020 naquele estado norte-americano.

Este é o quarto processo criminal contra o antigo Presidente e o segundo em que é acusado de tentar subverter os resultados da votação.

A acusação de Trump pelo grande júri do condado de Fulton resulta de uma investigação de dois anos iniciada após um telefonema, de janeiro de 2021, em que o então Presidente sugeriu que o secretário de Estado republicano da Geórgia poderia ajudá-lo a “encontrar 11.780 votos” necessários para reverter a derrota para o democrata Joe Biden.

Outros 18 arguidos indiciados no mesmo processo incluem o ex-chefe de gabinete da Casa Branca Mark Meadows, o advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani, e um funcionário do Departamento de Justiça da administração Trump, Jeffrey Clark.

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Trump foi anteriormente acusado, no início de agosto, por um grande júri federal, de conspirar para minar a votação de 2020 e impedir a transferência pacífica de poder através de uma série de mentiras e ações ilegais tomadas após as eleições gerais e que levaram ao violento motim dos seus apoiantes no Capitólio dos EUA, a 06 de janeiro de 2021.

EUA. Donald Trump pode estar prestes a enfrentar novas acusações no estado da Georgia por interferir nas eleições de 2020

Trump – o principal candidato republicano à presidência em 2024 – continua a fazer campanha e a usar as sucessivas acusações para angariar fundos, apresentando-se como vítima de procuradores democratas.

Acusação é “interferência eleitoral” nas eleições de 2024, diz Trump

Já esta terça-feira,  Trump mostrou-se convicto de que vai ser ilibado da acusação de manipulação dos resultados eleitorais no Estado de Geórgia, tendo em conta uma investigação cujos resultados vão ser conhecidos em breve.

Um grande, complexo, detalhado, mas irrefutável relatório sobre a fraude eleitoral presidencial que ocorreu na Geórgia está quase completo e vou apresentá-lo numa importante conferência de imprensa”, anunciou o antigo governante, através das redes sociais.

A apresentação vai acontecer na segunda-feira, em Bedminster, New Jersey.

Para Trump, este é um relatório “conclusivo” que levará ao levantamento de “todas as acusações” que lhe são imputadas a si e a outros 18 arguidos no mesmo processo.

“Haverá uma ilibação total. Eles nunca procuraram quem cometeu fraude nas eleições”, salientou.

Na primeira reação à acusação, na madrugada de segunda-feira, Trump considerou que se trata de “interferência eleitoral [nas presidenciais de 2024] em nome dos democratas”.

Pouco depois de ter sido anunciado que o republicano tinha sido indiciado, Trump enviou um email no qual solicitava a angariação de fundos para a sua campanha às presidenciais de 2024.

Na mensagem, o ex-Presidente descreveu o processo como “o quarto ato de interferência eleitoral em nome dos democratas, numa tentativa de manter a Casa Branca sob o controlo de (…) Joe [Biden] e de prender o seu maior opositor às eleições de 2024”.

Já a equipa jurídica de Trump disse que a acusação da Geórgia resultou de uma “apresentação unilateral do grande júri” que “contou com testemunhas que têm os seus próprios interesses pessoais e políticos”.

O trio de advogados, Drew Findling, Jennifer Little e Marissa Goldberg, afirmaram que “aguardam com expectativa uma análise pormenorizada desta acusação, que é, sem dúvida, tão imperfeita e inconstitucional como tem sido todo este processo”.

Justiça “a funcionar”, diz Hillary Clinton

Também a antiga Secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, disse já esta segunda-feira que o sistema de Justiça está a funcionar, após o ex-Presidente Donald Trump ter sido indiciado por tentar interferir nas eleições de 2020.

“É um momento terrível para o nosso país, ter um antigo Presidente acusado destes crimes terrivelmente importantes”, reagiu a democrata, que perdeu as presidenciais de 2016 para Trump.

“A única satisfação pode ser o facto de o sistema [de Justiça] estar a funcionar”, acrescentou.

Já os dois principais democratas no Congresso – o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, e o líder da minoria na Câmara dos representantes, Hakeem Jeffries – disseram, numa declaração conjunta, que o quarto caso contra Trump, “tal como os três anteriores, retrata um padrão repetido de atividade criminosa” por parte do antigo chefe de Estado.

Schumer e Jeffries continuaram a exortar “Trump, os seus apoiantes e os seus críticos a permitirem que o processo legal prossiga sem interferência externa”.