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A Turquia advertiu a Rússia pelos tiros de aviso russos disparados no domingo quando um navio de carga de uma empresa turca se dirigia para o porto de Izmail, no sul da Ucrânia, anunciou esta quinta-feira Ancara. “Os interlocutores na Rússia foram alertados para evitar este tipo de iniciativa que pode aumentar as tensões no Mar Negro“, disse a Presidência turca, quebrando o silêncio sobre um caso envolvendo um navio que pertence, embora com bandeira de Palau, a uma empresa turca.
“Para forçar a pararem do navio, tiros de aviso de armas automáticas leves foram disparados de um navio de guerra russo“, disse o Ministério da Defesa da Rússia no domingo.
Segundo Moscovo, o capitão deste navio de pavilhão de Palau, o Sukru Okan, não reagiu a uma ordem de paragem para “uma inspeção relativa ao transporte de mercadorias proibidas“.
Um helicóptero com soldados russos a bordo descolou então para inspecionar o navio, que foi autorizado a seguir viagem para o porto ucraniano, segundo a mesma fonte.
O Governo do Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, permaneceu em silêncio sobre o incidente esta quinta-feira, gerando fortes críticas da oposição. “As imagens do raide realizado por soldados russos no navio turco Sukru Okan foram divulgadas pelo Ministério da Defesa da Rússia e nosso povo pôde tomar conhecimento. O palácio não fez nenhuma declaração sobre isso. Por quê? “, perguntou esta quinta-feira à tarde o líder da oposição, Kemal Kilicdaroglu, no X (ex-Twitter).
Em meados de julho, Moscovo pôs fim ao acordo que permitia a exportação de cereais de portos ucranianos, desde o verão passado, apesar do bloqueio imposto pela Rússia, desde o início da guerra na Ucrânia, num entendimento que envolvia também Kiev, Istambul e as Nações Unidas.
Alguns dias depois, em 19 de julho, Moscovo alertou que qualquer navio que se dirigisse ou saísse de portos ucranianos seria considerado um potencial alvo.
O primeiro cargueiro saído da Ucrânia após o fim do acordo sobre cereais chegou esta quinta-feira à tarde a águas turcas, apesar do cerco russo, segundo sites da Internet de tráfego marítimo.
O porta-contentores Joseph Schulte, com pavilhão de Hong Kong, partiu na quarta-feira do porto ucraniano de Odessa, desafiando a Rússia, que ameaçou atacar tais embarcações desde que pôs fim, em julho, ao acordo pelo qual a Ucrânia podia exportar os seus cereais.
O navio atracará “provavelmente esta noite” em Istambul, indicou esta quinta-feira um porta-voz do grupo Schulte, com sede em Hamburgo, no norte da Alemanha.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que o cargueiro percorreu a rota de “um novo corredor humanitário” definido por Kiev, depois de a Rússia ter procedido, no fim de semana passado, a disparos de advertência contra um navio de mercadorias que se dirigia para Izmail, um porto do rio Danúbio, no sul da Ucrânia.
Moscovo intensificou também os seus ataques às infraestruturas portuárias ucranianas no mar Negro e no Danúbio desde que se retirou do acordo dos cereais concluído sob a égide da ONU e da Turquia e que entrou em vigor no verão de 2022.