Bernardo Arévalo de León venceu a segunda volta das eleições presidenciais guatemaltecas no domingo, de acordo com o Supremo Tribunal Eleitoral, quando já estão contados 95% dos votos.

Tribunal da Guatemala suspende divulgação de resultados das eleições presidenciais

Arévalo, que foi objeto de tentativas de desqualificação durante a campanha eleitoral, obteve 59% dos votos, contra 36% da ex-primeira-dama Sandra Torres, segundo a contagem oficial.

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O académico será o primeiro Presidente com uma visão progressista a liderar o país centro-americano, longe da natureza conservadora dos antecessores no cargo.

Com um caráter conciliador, Arévalo torna-se Presidente depois de uma surpreendente primeira volta das eleições de 25 de junho, em que ficou em segundo lugar, quando as sondagens o colocavam em sétimo ou oitavo lugar.

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O candidato do Movimiento Semilla (Movimento Semente) ultrapassou Sandra Torres, por larga margem. Arévalo de León, atualmente membro do Congresso, foi um dos fundadores do Movimento Semente há quase uma década, junto de um grupo de académicos e intelectuais convocados pelo sociólago Edelberto Torres Rivas.

Desde a instauração da democracia na Guatemala, em 1986, todos os presidentes têm sido conservadores, com uma ampla inclinação para a direita no espetro político.

Os analistas esperam que Arévalo de León se inspire na presidência do pai, Juan José Arévalo de León Bermejo, que entre 1945 e 1951 deixou a sua marca com a criação da Segurança Social.

Considerado um esquerdista progressista ou moderado, o académico afirmou que a sua principal luta ao tomar posse será contra a corrupção, sem esquecer no futuro a luta contra a subnutrição e a melhoria dos serviços de saúde.

Não sou o meu pai“, afirmou Arévalo de León na quarta-feira, no encerramento da campanha. “Mas estou a percorrer o mesmo caminho que construiu e vamos percorrê-lo juntos como povo. Tenho o mesmo anseio que ele e os revolucionários de 1944”, afirmou.

A chegada de Arévalo de León à presidência, e a tomada de posse a 14 de janeiro, para um mandato de quatro anos, está ainda por confirmar.

Isto deve-se ao facto de o Ministério Público (MP), cuja liderança foi sancionada pelos Estados Unidos, ter tentado, desde 12 de julho, por várias vezes suspender o Movimento Semente devido a um alegado caso de assinaturas falsas no partido durante a sua criação em 2018.

Segundo o MP, nos próximos dias poderão ser efetuadas detenções de membros do partido, pelo que os analistas políticos não descartam que haja fortes tentativas de impedir a tomada de posse de Arévalo de León em janeiro.

Bernardo Arévalo nasceu em 1958, no Uruguai, e viveu em Caracas, na Cidade do México e em Santiago do Chile. Frequentou a universidade em Israel e nos Países Baixos.

Dirigiu ainda uma ONG, intitulada Interpeace, para a América Latina. A organização destacou-se no objetivo de resolução de conflitos na Guatemala e em África.

Antes de entrar na política, o atual deputado era conhecido como um académico que escreveu livros e artigos acerca de tópicos tal como segurança, as relações entre civis e militares, democracia e paz.

O atual presidente eleito tem experiência diplomática, tendo sido embaixador da Guatemala em Espanha entre 1995 e 1996 e, um ano antes, vice-ministro dos Negócios Estrangeiros no Governo do antigo Presidente Ramiro de León Carpio.

Na década de 1990, foi secretário consular da Guatemala em Israel e trabalhou como conciliador de conflitos para várias organizações na Ásia e África.