O sul da Europa está a registar esta semana uma vaga de calor particularmente tardia, com temperaturas acima dos 40 graus, níveis raramente observados em meados de agosto, segundo os especialistas, que estão a potenciar os incêndios na região.
De acordo com especialistas, citados pela agência de notícias AFP, os fenómenos meteorológicos extremos intensificaram-se recentemente devido ao aquecimento global, que tem provocado ondas de calor e períodos de seca cada vez mais frequentes, mais longos e mais intensos, cenário potenciador da ocorrência de incêndios.
Atenas, capital da Grécia, acordou nesta quarta-feira rodeada de um espesso fumo negro, enquanto os bombeiros estão a combater incêndios por todo o país pelo quinto dia consecutivo.
Os bombeiros informaram nesta quarta-feira que 18 regiões do país ainda estão em alerta vermelho para incêndios, devido aos fortes ventos e ao facto de as temperaturas poderem atingir os 43 graus em algumas zonas.
De acordo com informações das autoridades locais, pelo menos 26 pessoas, alegadamente migrantes, foram encontradas mortas na terça-feira na sequência de um incêndio florestal que deflagrou perto da fronteira com a Turquia, próximo da cidade de Alexandroupolis, no nordeste do país.
Na segunda-feira, duas pessoas morreram e dois bombeiros ficaram feridos em incêndios separados no nordeste e no centro da Grécia.
O calor, a seca e os ventos favoreceram esta nova vaga de incêndios, que já destruíram mais de 43 mil hectares, segundo o Observatório Nacional de Atenas. Estas condições meteorológicas persistirão até sexta-feira, de acordo com os serviços meteorológicos gregos.
A procuradora do Supremo Tribunal da Grécia, Georgia Adeilini, solicitou nesta quarta-feira que seja aberta uma investigação para saber se os graves incêndios em Evros, uma das regiões mais afetadas pelos incêndios que assolam todo o país, têm origem criminosa. A representante também propôs avaliar a eventual ocorrência de crimes de ódio e racismo em relação à detenção de três pessoas por terem encarcerado um grupo de 25 refugiados e migrantes a quem acusaram de ter provocado os incêndios.
Em Espanha, espera-se o pico da sua quarta onda de calor neste verão nesta quarta-feira, com temperaturas que deverão ultrapassar os 40 graus, especialmente no interior do país. Na terça-feira, em Saragoça (centro), os termómetros atingiram os 43 graus.
Nas Ilhas Canárias, o incêndio que assola há uma semana a ilha turística de Tenerife encontrava-se nesta quarta-feira “estabilizado em grande parte”, mas ainda não estava sob controlo, segundo as autoridades locais. Este incêndio já destruiu quase 15 mil hectares de floresta e 12 mil pessoas foram retiradas das respetivas casas, muitas das quais já foram autorizadas a regressar.
Nesta quarta-feira, 3.109 pessoas ainda não tinham autorização para regressar às suas casas, segundo afirmou a responsável pela Proteção Civil do governo das Canárias, Montserrat Román, numa conferência de imprensa. Entretanto, as equipas locais de proteção civil estão otimistas, segundo o responsável pelos serviços de emergência do arquipélago, Manuel Miranda, graças à queda das temperaturas noturnas e aos ventos mais fracos.
Em França, os serviços meteorológicos anunciaram nesta quarta-feira que foi estabelecido na terça-feira um novo recorde de calor para o final do verão: 27,1 graus (média de 30 estações meteorológicas do território). Foi o dia mais quente registado após 15 de agosto.
No sul do território francês, 19 departamentos estão em alerta vermelho e outros 37 foram colocados em alerta laranja devido ao calor. O pico da onda de calor é esperado para estas terça ou quinta-feira, antes de começar uma queda das temperaturas na sexta-feira.
Também em Itália as temperaturas estão cinco a sete graus acima das médias sazonais, segundo o Centro Meteorológico italiano, devido à presença de um anticiclone entre a Europa Ocidental e o Mediterrâneo, alimentado por correntes de ar muito quentes provenientes do Saara.
A 3.000 metros acima do nível do mar, nos Alpes italianos, a temperatura subiu para 15 graus, situação que está a colocar os glaciares à prova. Em julho de 2022, a queda de um enorme bloco do glaciar Marmolada matou 11 pessoas. Na quinta-feira, são esperados 41 graus em Florença, capital da Toscana (centro), e 39 graus em Milão, no norte de Itália. O pico de calor só deverá ser atingido na sexta-feira, antes da chegada da chuva que deverá baixar as temperaturas no início da próxima semana.