As ausências por lesão de Pedro Pablo Pichardo e Patrícia Mamona foram golpes duros naquilo que poderiam ser as ambições da terceira maior delegação nacional numa edição dos Campeonatos do Mundo, todos os problemas que a comitiva enfrentou para chegar a Budapeste devido às dificuldades causadas pelo mau tempo no aeroporto de Frankfurt também não ajudaram em nada. Assim, e com o passar dos dias, a hipótese de haver uma medalha foram caindo por terra sem que existissem grandes expetativas nesse sentido. Este sábado, no penúltimo dia de provas, entrava em ação Auriol Dongmo no lançamento do peso e era aqui que entroncavam todas as esperanças de Portugal em chegar a um pódio, algo que aconteceu de forma ininterrupta desde a edição de 2013, quando João Vieira recebeu seis anos mais tarde a medalha de bronze nos 20 quilómetros pela desqualificação por doping do vencedor da prova, o russo Aleksandr Ivanov.

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Até agora, Portugal somava quatro top 12 na capital húngara entre o oitavo lugar de Liliana Cá no disco, a nona posição de Ana Cabecinha nos 20 quilómetros marcha (com marca de qualificação olímpica, o maior objetivo que trazia), o 11.º posto de Tiago Pereira no triplo salto e o 12.º lugar de Isaac Nader nos 1.500 metros. Assim, e em caso de apuramento para a final, Auriol Dongmo dava o primeiro passo para melhorar todas essas prestações. E esse era o principal objetivo da lançadora de 33 anos que passou a representar Portugal a partir de 2021 em grandes provas internacionais com vários bons resultados no trajeto.

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Campeã europeia de Pista Coberta em 2021 após um grande duelo até ao final com a sueca Fanny Roos (ganhou com 19,34), a atleta do Sporting iniciou um trajeto que também teve os seus dissabores mas que deixou sempre Auriol Dongmo no centro das decisões: foi quarta classificada nos Jogos Olímpicos de Tóquio com 19,57, a cinco centímetros da neozelandesa Valerie Adams; sagrou-se campeã mundial de Pista Coberta numa final onde superou a norte-americana Chase Ealey com um lançamento a 20,34 que se tornou recorde pessoal e nacional; terminou o Mundial ao Ar Livre de Eugene no quinto posto com 19,62; ganhou a prata nos Europeus ao Ar Livre com 19,82 apenas atrás de uma super neerlandesa Jessica Schilder (recorde nacional a 20,24); e ganhou este ano os Europeus de Pista Coberta com a marca de 19,76.

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Esta manhã, Auriol Dongmo, terceira do ranking mundial, integrava o grupo B das 35 inscritas no lançamento do peso, sendo que apenas as 12 melhores avançavam para a final da noite com 19,10 a servir de qualificação direta e a portuguesa tinha a quinta melhor marca do ano (19,76), atrás das norte-americanas Maggie Ewan (20,45) e Chase Ealey (20,06), a chinesa Lijiao Gong (20,06) e jamaicana Danniel Thomas-Dodd (19,77). Eliana Bandeira estava também no grupo B, ao passo que Jéssica Inchude, que completava o trio de atletas nacionais no apuramento, entrava no grupo A com marcas de referência que dificilmente poderiam valer qualificação para a parte decisiva da competição na sessão vespertina do dia 8 dos Mundiais.

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E foi apenas necessário um lançamento para reforçar essa esperança do primeiro pódio português nestes Mundiais de Budapeste: logo na primeira tentativa, Auriol Dongmo lançou a 19,57 e garantiu a qualificação direta para a decisão que se realiza a partir das 19h15. Também na primeira tentativa houve mais seis qualificações diretas entre os dois grupos, de Jessica Schindler (Países Baixos, 19,64 que é melhor marca pessoal do ano), Yemisi Ogunleye (Alemanha, com recorde pessoal de 19,44), Maggie Ewen (EUA, 19,42), Sarah Mitton (Canadá, 19,37), Chase Ealey (EUA, 19,27) e Lijiao Gong (China, 19,16). Ou seja, todas as principais favoritas às medalhas conseguiram o apuramento para a final logo a abrir a competição.

Na terceira tentativa, a jamaicana Danniel Thomas-Dodd conseguiu também qualificação direta com 19,36, sendo que as restantes apuradas para a decisão desta noite foram encontradas nas repescagens: Sara Gambetta (Alemanha, 18,70), Jorinde van Klinken (Países Baixos, 18,66), Jiayuan Song (China, 18,64) e Maddison-Lee Wesche (Nova Zelândia, 18,59). Em relação às outras portuguesas, Jéssica Inchude acabou a qualificação em 16.º com a marca de 18,16, ao passo que Eliana Bandeira foi 21.º com o registo de 17,79.