Duas crianças, de 4 e 8 anos, fugiram da Fundação COI, no Pinhal Novo, e foram encontradas a cerca de 500 metros do sítio onde vivem, à guarda do Estado, com sede e com marcas de violência. De acordo com a informação avançada pela CNN, e confirmada pelo Observador, a GNR foi chamada ao local. O caso foi encaminhado para o Ministério Público, que já está abriu um inquérito e está a investigar, avançou esta sexta-feira a Procuradoria-Geral da República ao Observador.
As duas crianças fugiram da Fundação COI na passada quarta-feira e foram encontradas no mesmo dia, na estação ferroviária do Pinhal Novo, por uma pessoa que esperava pelo comboio. A GNR e os bombeiros foram chamados ao local e, de acordo com as declarações de uma das mães das crianças à CNN, um representante da instituição foi até à estação de comboios e queria levar as crianças antes da chegada da GNR e dos bombeiros.
Numa resposta enviada às redações, a Fundação COI explica que a fuga teve origem numa “desavença entre dois irmãos”, de 10 e 8 anos, que vivem naquela instituição de acolhimento desde 2018. Os dois, avança a Fundação COI, têm acompanhamento pedopsiquiátrico, “realizam toma de medicação para controlo e estabilização do comportamento, sendo frequentes os comportamentos agressivos por parte de ambos, mutuamente ou dirigidos a outras crianças e mesmo adultos”. A criança mais velha “padece de transtorno do espectro autista”.
Durante a desavença mencionada, que aconteceu na passada quarta-feira, “o elemento mais jovem ficou com várias marcas de arranhões na face, no braço e no pescoço, tendo seguidamente encetado algumas tentativas de fuga”, mas sem sucesso. Mais tarde, a mesma criança que tentou fugir momentos antes, acabou mesmo por conseguir fazê-lo, levando consigo outra criança de 4 anos, que não pertence à sua família.
A estação de comboios do Pinhal Novo, onde foram encontrados, é um “local conhecido pela criança em função das suas eventuais deslocações para convívios familiares”, acrescenta a Fundação COI. “Mesmo a responsável se tendo identificado, foi impedida de reconduzir os menores à resposta social, tendo sido necessária a intervenção da GNR, que conduziu as crianças ao posto.”
As famílias acusam a instituição de esconder o caso, alegando que souberam da fuga dos filhos pelas redes sociais. E garantem também que um dos portões da instituição costuma estar aberto, tal como é mostrado num vídeo a que a mesma estação de televisão teve acesso. Já a Fundação COI garante que os familiares “se dirigiram às instalações da resposta social e verificaram que as crianças se encontravam bem”.
Do lado da Fundação COI, foi ainda confirmado que foi instaurado um processo interno para averiguar em que circunstâncias aconteceu a fuga das duas crianças e que o caso já foi comunicado ao respetivo gabinete da Segurança Social.