O BE/Açores considerou esta quarta-feira que a mobilidade dos açorianos para o exterior “está em risco” com a privatização das transportadoras aéreas SATA e TAP e com a eventual saída ou redução da operação da companhia Ryanair.
O líder do BE/Açores, António Lima, que falava em conferência de imprensa, em Ponta Delgada, referiu que a situação atual que envolve as três companhias áreas que ligam os Açores ao exterior é de “enorme delicadeza” e de “enorme incerteza” e “exige responsabilidade”.
A SATA [e] a TAP estão em vias de ser privatizadas e a Ryanair pretende reduzir ou abandonar a sua operação nos Açores. Ou seja, a mobilidade dos açorianos para o exterior está, efetivamente, em risco e a economia também está em risco, porque essa mobilidade garante uma parte substancial da economia da região”, considerou.
Na opinião de António Lima, “cruzar os braços e deixar o mercado resolver, como o presidente do Governo [Regional, José Manuel Bolieiro] quer fazer, privatizando a SATA Internacional, que é a estratégia do Governo Regional [PSD/CDS-PP/PPM] é um erro com consequências, como se está a ver, enormes (…) e é um crime contra a região”.
Para o responsável, a SATA Internacional é “um instrumento essencial“ para a economia e para a mobilidade e “uma peça fundamental” no contexto atual da autonomia.
António Lima disse que o BE não concorda com o processo de privatização e, se dependesse do partido, “não avançaria”.
O BE defende que a privatização da SATA Internacional não deve prosseguir. (…) Ainda por cima, olhando para quem quer adquirir a SATA Internacional, que não dá quaisquer garantias”, salientou.
Na opinião do líder do BE/Açores, a companhia aérea açoriana “tem que ser direcionada e tem que ser dimensionada e tem que se preocupar em garantir a ligação dos Açores com o exterior, com o continente e com a diáspora”.
António Lima também referiu aos jornalistas que, em junho, o grupo parlamentar do partido solicitou ao Governo açoriano todos os contratos públicos que envolvem a região e a Ryanair.
O Governo remeteu, em resposta ao BE, apenas um contrato no valor de 345 mil euros, datado de 2020, ocultando, assim, mais de 1,2 milhões de euros de apoios públicos referentes a contratos públicos que temos na nossa posse. Ora, o Governo Regional escondeu do parlamento informação, mentiu ao parlamento e isso é de uma enorme gravidade”, disse, indicando que os contratos públicos são da anterior legislatura socialista.
Para o BE, o Governo “esconde aquilo que já foi pago à Ryanair”, daí que peça “transparência” no processo.
António Lima deixou ainda várias questões que espera ver respondidas pelo executivo liderado pelo social-democrata José Manuel Bolieiro em relação ao futuro da mobilidade na região, devido à situação que envolve a companhia Ryanair.
Quais são as orientações estratégicas que serão dadas à SATA neste contexto? O Governo Regional vai ficar à espera que o mercado resolva os eventuais constrangimentos que esta decisão da Ryanair terá na mobilidade dos açorianos? O Governo vai ficar à espera que o mercado resolva os eventuais constrangimentos na economia?”, questionou.
O líder açoriano do BE perguntou também “como é que o Governo [Regional] vai garantir que a mobilidade dos açorianos no contexto atual não é colocada em causa com a privatização da SATA Internacional que está em curso?”.