Quase dois terços — 60% — de todos os pedidos remetidos este ano, até dia 31 de julho, ao Laboratório de Polícia Científica da Polícia Judiciária para identificação de novas substâncias psicoativas com resultados positivos tiveram origem nas ilhas.
Os números oficiais, disponibilizados ao Público, que esta quarta-feira avança a notícia, confirmam o “peso enorme” de Madeira e Açores no consumo de drogas sintéticas onde, de resto, têm aumentado também os internamentos compulsivos por perturbações psiquiátricas ou surtos psicóticos associados a estas substâncias.
Fonte oficial da PJ refere uma “desproporção muito significativa” entre continente e ilhas — “Já está evidenciado que as regiões autónomas representam um peso enorme no que diz respeito às Novas Substâncias Psicoativas”.
Depois de uma redução em 2022 que, explica o jornal, estará relacionada com a atualização nas listas das drogas criminalizadas, que no ano anterior passaram a incluir a muito popular na Madeira Alpha.PHP, conhecida vulgarmente como “bloom”, foi retomada a tendência de anos anteriores, em que o número de novas substâncias detetadas já era substancialmente superior nas regiões autónomas.
Se em 2022 56% das novas drogas sintéticas foram registadas em Açores e Madeira, em 2021 tinham sido 79% e um ano antes 78%, revelaram também os dados agora disponibilizados àquele jornal.
Quando, há duas semanas, enviou ao Tribunal Constitucional, para fiscalização preventiva, o diploma que descriminaliza o consumo de drogas sintéticas, Marcelo Rebelo de Sousa justificou-se justamente com a a “falta de consulta” aos governos regionais dos Açores e da Madeira durante o processo legislativo, “considerando a especial incidência dos novos tipos de drogas nas Regiões Autónomas”.