A 5.ª jornada da liga da Arábia Saudita trazia o primeiro encontro da temporada entre treinadores portugueses, com o Al Ittihad de Nuno Espírito Santo a receber o Al Hilal de Jorge Jesus em Jeddah. Com o mercado de transferências europeu a terminar dentro de umas horas, o futebol saudita vivia uma sexta-feira compreensivelmente normal num país em que ainda faltam semanas para o fecho da janela — mesmo que existissem muitos interessados em relação ao que ia acontecendo na Europa.

Do lado do Al Ittihad, na altura em que a equipa entrou em campo, ainda não era perfeitamente líquido o que iria acontecer com Mohamed Salah. O clube ofereceu 233 milhões de euros pelo avançado egípcio, um valor que poderá superar os 222 milhões que o PSG pagou ao Barcelona por Neymar e que ainda são um recorde, e à hora do apito inicial o Liverpool ainda não tinha respondido oficialmente após ter rejeitado as primeiras abordagens.

Do lado do Al Hilal, o suspense era menor. Depois de um verão em que resgatou jogadores como Neymar, Rúben Neves, Mitrovic, Koulibaly e Milinkovic-Savic, ao futebol europeu, o clube não estava à espera de nenhuma novidade vinda do fecho do mercado europeu. Ainda assim, é perfeitamente expectável que ainda protagonize alguns golpes de teatro até ao fim da janela de transferências saudita — principalmente se algum clube europeu não conseguir resolver situações de nomes apetecíveis.

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Era neste contexto que as duas equipas se encontravam esta sexta-feira, com Nuno Espírito Santo a realizar o primeiro jogo depois de ter sido eleito o melhor treinador do mês de agosto e Jorge Jesus a não contar ainda com Neymar, que chegou a ter estreia apontada precisamente para este jogo. A entrar em campo na liderança do Campeonato e com mais dois pontos do que o adversário, o Al Ittihad tinha Kanté, Fabinho e Benzema no onze inicial e o português Jota no banco, enquanto que o Al Hilal lançava Bono, Koulibaly, Neves, Malcom, Milinkovic-Savic e ainda Mitrovic.

O Al Hilal começou melhor, controlando a larga maioria da posse de bola e atuando quase por inteiro no meio-campo adversário. Ainda assim, acabou por ser o Al Ittihad a abrir o marcador com recurso a um contra-ataque: na sequência de uma perda de bola no meio-campo e com a qualidade de Fabinho, Hamdallah assistiu Romarinho e o brasileiro atirou cruzado à saída de Bono (16′).

A equipa de Jorge Jesus empatou pouco depois, com Abdulhamid a cruzar na direita e Mitrovic a responder com um grande pontapé de primeira que surpreendeu Marcelo Grohe (20′), mas a igualdade não chegou ao intervalo. Benzema recuperou a vantagem, ao desviar de calcanhar depois de um passe de Romarinho na esquerda (38′), e Hamdallah aproveitou um erro colossal de Milinkovic-Savic para aumentar a vantagem já nos descontos (45+8′). No fim da primeira parte, o Al Ittihad estava a vencer o Al Hilal por dois golos de diferença.

Jorge Jesus mexeu logo ao intervalo e trocou Kanno por Michael, com Espírito Santo a responder perto da hora de jogo com a entrada de Jota para o lugar de Igor Coronado. Mitrovic bisou e reduziu a desvantagem do Al Hilal, ao cabecear ao segundo poste depois de um cruzamento na direita (60′), e empatou a partida ao carimbar o hat-trick na conversão de uma grande penalidade (65′). A extraordinária reviravolta aconteceu a 20 minutos do fim, quando Aldawsari apareceu na cara de Grohe a desviar um cruzamento de Abdulhamid (71′).

Num verdadeiro jogo das Arábias e com uma segunda parte muito eficaz e pragmática, o Al Hilal de Jorge Jesus venceu o Al Ittihad de Nuno Espírito Santo e subiu à liderança da liga saudita, tendo agora um ponto de vantagem em relação ao campeão em título.