Ainda houve margem para a chegada de mais dois jogadores, Juan Bernat e Francisco Conceição. Ainda houve margem para fazer duas vendas que poderia ter sido apenas uma, com Ristic a juntar-se a Odysseas Vlachodimos entre os jogadores que disseram adeus à Luz porque o Benfica já não tinha mais espaço para poder apenas fazer um empréstimo após as confirmações de Paulo Bernardo no Celtic e de Schjelderup no Nordsjaelland. Ainda houve margem para perceber como mexia o resto do mercado para oportunidades de negócio finais que não apareceram. Houve margem para quase tudo mas Benfica, FC Porto e Sporting tinham os seus plantéis “tecnicamente fechados”. Quer isso dizer que tudo foi resolvido? Não. E os três candidatos ao título fizeram o que conseguiam sabendo que há alguns problemas que continuaram por resolver.
Um Benfica mais versátil mas com os mesmos dois problemas que tinha por resolver
Nas primeiras semanas de mercado, tudo apontava para que o Benfica conseguisse cumprir aquilo que um bom aluno deve ter preparado quando chega o teste do mercado. Enzo Fernández não tinha sido substituído de forma direta, chegou agora Orkun Kökçü naquele que foi o maior investimento de sempre do clube; Ángel Di María estava livre, mostrou-se na disposição de aceitar um convite de uma temporada de regresso à Luz, o ataque ganhou mais uma opção de peso para as alas; David Jurásek foi contratado para o lugar que tinha sido nos últimos anos de Grimaldo; até a saída de Gonçalo Ramos, quando Taty Castellanos já tinha rumado à Lazio e Santiago Giménez se tornara um sonho impossível, foi compensada no dia seguinte com a chegada de Arthur Cabral, avançado da Fiorentina. Visto assim, Roger Schmidt teve o mercado que queria; olhando para o plantel, as últimas semanas acabaram por não superar dois problemas que continuam a existir.
Na baliza, rodou e voltou ao mesmo. O Benfica contratou Trubin para lutar pela titularidade com Odysseas Vlachodimos, a derrota no Bessa e posterior discussão com o técnico “encostaram” o grego para a entrada de Samuel Soares e o mercado acabou com o ucraniano a ser agora o único guarda-redes além do jovem que foi campeão mundial Sub-20. Depois, a lateral direita. Alexander Bah é o titular indiscutível, Aursnes pode fazer qualquer posição (e já jogou aí no final da última época) e há sempre as possíveis adaptações de João Vítor, João Neves – como aconteceu no jogo de pré-temporada com o Burnley – ou Tiago Gouveia. No entanto, sem “um” Gilberto, é sempre uma adaptação. E janeiro dirá se foi ou não um risco bem assumido.
Um FC Porto com muitos jogadores a tentar reaprender como jogar sem dois
Sérgio Conceição há muito que tinha pedido à administração da SAD do FC Porto para tentar ao máximo segurar todos os jogadores importantes do plantel, sabendo de forma antecipada que iria perder Uribe para o Qatar a custo zero no final da época. Tudo parecia seguir nesse sentido, sobretudo a partir de 15 de julho que era a data em que Otávio tinha uma cláusula de “apenas” 40 milhões de euros, tudo mudou a partir do dia em que o Al Nassr se chegou à frente para pagar (de forma faseada) os 60 milhões pelo internacional português. Mais: nos últimos dias, e de acordo com o que foi confirmado pelo próprio Vítor Baía, havia também um acordo com o AC Milan para a venda de Taremi, algo que só não aconteceu porque os italianos apresentaram ao avançado iraniano uma proposta de salário igual à que tem nesta fase no Dragão.
O FC Porto fez algumas movimentações neste mercado. Contratou o desejado lateral direito (Jorge Sánchez), juntou mais dois médios ao plantel com condições para assumirem a titularidade como Alan Varela e Nico González, ganhou mais três jogadores de ataque entre alas e área entre Iván Jaime, Francisco Conceição e Fran Navarro além do aparecimento ao melhor nível de Gonçalo Borges. Ao todo, os portistas ficaram com um plantel mais extenso do que era desejado e é a partir daí que nasce o desafio de Sérgio Conceição esta temporada: mudar a forma de jogar da equipa dentro das características dos jogadores que tem agora à disposição sabendo que Otávio não foi substituído de forma direta ao contrário do que aconteceu com Uribe e tentar recuperar a melhor versão de Taremi, que em quatro jogos não marcou nem assistiu para golo.
Um Sporting que aprendeu a investir na qualidade em detrimento da quantidade
Quando a última temporada chegou ao fim, com o Sporting na quarta posição do Campeonato fora do acesso à terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões, Rúben Amorim admitiu que há muito já percebera: faltava um avançado ao plantel. Com a venda de Ugarte para o PSG ficara também a faltar um médio (apesar desse regresso de Daniel Bragança após longa lesão), com a saída de Bellerín havia essa necessidade de assegurar um lateral direito, mas era nesse reforço para o ataque que se concentravam as atenções. As do técnico e as da administração da SAD verde e branca, que aprendeu com anos anteriores e deu total prioridade ao que era mesmo necessário em detrimento da qualidade. Assim, chegaram apenas três reforços a Alvalade.
Viktor Gyökeres, avançado sueco do Coventry do Championship, tornou-se a contratação mais cara do clube num total de 20 milhões mais custos de intermediação, mecanismos de solidariedade e parte dos direitos económicos numa futura venda. Morten Hjulmand, médio dinamarquês do Lecce da Serie A, não ficou longe desse valor, numa transferência que custou 18 milhões de euros. Ivan Fresneda, lateral internacional Sub-21 do Valladolid, chegou a troco de nove milhões mais dois de objetivos. Nos melhores planos, Rúben Amorim não se importaria de receber mais um ala para jogar descaído na esquerda mas a permanência de Samuel Lino no Atl. Madrid após a saída de Yannick Carrasco para a Arábia Saudita fechou de vez essa porta. O problema? Falta de profundidade no plantel. E é isso que deixa o mercado em alerta para janeiro…