O projeto Esquina do Avesso começou há mais de uma década, num registo mais tradicional, e modernizou-se com a criatividade e a irreverência de Nuno Castro. “Com pouco fazia muito”, lembra Ricardo Rodrigues, responsável pelo Grupo do Avesso, de onde fazem também parte a Sushiaria, o Terminal 4450 e o Terminal 4700, em Braga. No entanto, a abertura do Fava Tonka, outro espaço do grupo, na porta ao lado, absorveu muita da atenção do chef, e também sócio deste restaurante vegetariano, e o Esquina “perdeu um bocadinho de brilho e deixou de ser tão interessante”, conta. “Andávamos sempre à volta do receituário português, sem deixar a zona de conforto.” Assim, era cada vez mais evidente a necessidade de mudança. “Ou arredondava o conceito e agradava a gregos e troianos ou, definitivamente, tinha que pensar num menu de degustação, não abdicando da carta, para não tirar conforto ao cliente.”
Dito e feito. A partir de 14 de setembro o Esquina passará a ter um menu de degustação de sete momentos, a 60€, com algumas sugestões da ementa e outras que mudarão consoante a sazonalidade dos produtos e a inspiração do chef. “O que eu trago comigo é mundo: cozinha do mundo em Portugal, cozinha que Portugal levou ao mundo e cozinha que o mundo deu a Portugal”, elabora o cozinheiro que, com orgulho, afirma que questiona tudo. “Encontrámos o Ricardo, através de amigos, e percebi que estávamos alinhados a nível de ambições e propósitos”, diz Ricardo Rodrigues. “Eu estava na Noruega, no Under, mas queria regressar a casa. Neste momento, ainda não estamos onde queremos, mas estamos a remar para lá”, afirma Ricardo Dias. O objetivo é que o restaurante vença e que, para além da vertente gastronómica, pensem nele como um local divertido, onde seja possível passar um momento de descontração. “Queremos ser interativos com o cliente através do empratamento, do prato, da louça, da música, das fardas”, refere o proprietário.
Fine dining? Sim. Experiência gastronómica? Sim. Mas o chef usa gorro e pratica skate, a música é agitada e os menus de degustação não custam 150€. “Surpreender com a comida já é o que todos os chefs tentam fazer”, remata Ricardo Dias.
Sobremesas a abrir o menu e novidades para o futuro
Sim, as sobremesas são as primeiras a aparecer na ementa. “É engraçado, é ao contrário, é do avesso”, atira o chef, referindo que, muitas vezes, são descuradas e apresentadas num menu à parte. No Esquina, ao abrir a refeição, pode começar logo a pensar em como a vai fechar. Há baunilha, cajeta e massa choux (8€), texturas de ruibarbo (9€) e arroz-doce e manjericão (8€).
Nos salgados, atum com água de tomate, chicória e essência de cherry (12€), parathas, borrego e ricota, um prato de street food com ligação à Índia (11€), secretos com nabo, beterraba, cogumelos e cabidela (18€), lula com açorda, chimichurri e poblano, que mistura influências e sabores de várias latitudes (16,50€), e batata com béarnaise, funcho, alho-francês e malte (15€) são algumas das sugestões.
A alma do Esquina do Avesso está em constante mutação, a par das mentes de Ricardo Dias e Ricardo Rodrigues, que bebem inspirações de todo o mundo e abraçam o global, mas nunca o previsível. Também por isso, o lançamento de um anti-brunch gastronómico, ao domingo ao almoço, está na lista de prioridades para o futuro do Esquina. “Era uma ideia que eu tinha e quero concretizar”, conta o proprietário.
Rua de Santa Catarina, 102, Leça da Palmeira. Tel.: 91 228 6521. Terça a quarta, das 12.30 às 15.00 e das 19.30 às 23.00, Quinta a sábado, das 19.30 às 23.00.