Filho de um notário e neto de um médico, nasceu no seio de uma família de classe média. Foi um dos fundadores do Partido Socialista do Chile. “Gostava de boa comida, gostava de mulheres, vestia-se com elegância, fazia ginástica e tinha uma alimentação equilibrada”. É assim que Salvador Allende, antigo Presidente do Chile que morreu durante um golpe de Estado que impôs uma ditadura liderada pelo general Pinochet, é descrito numa nova biografia que foi lançada esta segunda-feira.

Foi para marcar o quinquagésimo aniversário da morte do político chileno, que se assinala no próximo dia 11 de setembro, que Salvador Allende. Biografia política, semblanza humana, da autoria do jornalista e historiador espanhol Mario Amorós, foi colocado à venda (não tendo editado em Portugal). Ao jornal El País, o autor do livro disse que o antigo Presidente do Chile era “elegante e maçon”, que se “afastou da imagem estereotipada do revolucionário socialista”.

“Para além das particularidades da sua vida, Allende é um mito da esquerda, uma referência atual para muitas pessoas porque tentou construir uma sociedade socialista sem o confronto sangrento das classes sociais, uma revolução por meios democráticos, sem derramamento de sangue e respeitando os direitos humanos”, explicou Mario Amorós, que não escondeu o “carinho e admiração” que sente pelo ex-líder chileno.

Ainda assim, garantiu que “isso não significa que não sejam introduzidos elementos de reflexão crítica, nem que sejam relatados os seus erros e os da esquerda”. Para reforçar o seu ponto de vista deu um exemplo: “Allende não conseguiu compreender a importância da dependência das forças militares chilenas em relação aos Estados Unidos, onde treinaram, no quadro da Guerra Fria”.

Mario Amorós disse também querer destacar as “conquistas” do governo e da política de Salvador Allende, “a reforma do cobre, as medidas sociais como a distribuição diárias de meio litro de leite para a infância” ou o “o seu papel nas relações internacionais, muitas vezes omitidos, como um dos líderes do terceiro mundo”. O autor espanhol acrescentou que fornece “documentação sobre estas questões”.

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