Acompanhado por Sérgio Conceição e Vítor Baía, claramente bem disposto e com vontade de atirar a todas as direções: Jorge Nuno Pinto da Costa esteve esta sexta-feira no Thinking Football Summitt, o evento da Liga que está a decorrer no Porto, e deixou bem claro que tinha muita coisa para dizer.

Em conversa com Rui Cerqueira, assessor de imprensa do FC Porto, o presidente dos dragões começou por rejeitar qualquer sombra de instabilidade no clube — questão levantada devido às notícias dos últimos dias, em que o vice-presidente da SAD Rui Moreira criticou abertamente Sérgio Conceição. Para Pinto da Costa, porém, não existem problemas.

https://observador.pt/2023/09/06/a-sad-e-chacinada-quando-corre-mal-e-quando-ganha-e-merito-do-sergio-moreira-explica-criticas-e-diz-que-tecnico-ja-nao-e-bom-para-clube/

“Acho que este problema de instabilidade é uma instabilidade mental de quem lança essas campanhas. E como não têm o que dizer… O que é que podem dizer de quem escolhe um treinador que em seis anos dá 10 títulos com todas as condicionantes? O que se pode dizer sobre falta de estabilidade quando esse treinador mantém a sua equipa de trabalho há seis anos, trabalha da mesma forma e sempre com os mesmos objetivos? Que falta de estabilidade pode existir quando o treinador recusa ir para a Arábia Saudita, para onde agora vão todos em fila receber milhões, para se manter no projeto do FC Porto?”, atirou o presidente do FC Porto.

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Numa intervenção muito marcada por um tom irónico e claramente crítica em relação à comunicação social, Pinto da Costa também aproveitou para deixar algumas considerações sobre o atual modelo das competições europeias. “Os clubes portugueses que vão à Liga dos Campeões têm tido boas pontuações. A Liga Confidencial [Conferência] ou lá como se chama, onde esteve o Arouca… É ridículo que a vitória lá valha tanto como uma vitória na final da Liga dos Campeões. É inconcebível. Foi a UEFA que decidiu e não é para benefício de Portugal. Quando os pontos são divididos por todos os que entram nas provas europeias, significa que os nossos pontos vão continuar a ser divididos pelas equipas que não se apuraram. E não faz sentido que a final da Champions, a meia-final ou a final da Liga Europa, tenham o mesmo valor que os pontos do Arouca. Mas como a Holanda tem muitos clubes nessa prova, beneficia”, indicou, referindo-se ao atual ranking da FIFA onde Portugal está atrás dos Países Baixos.

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Mais à frente, o presidente do FC Porto também explicou os contornos da venda de Otávio, que saiu para o Al Nassr da Arábia Saudita no mercado de transferência que fechou há uma semana. “Vendemos o Otávio para o clube do Ronaldo. Ofereceram 40 milhões, eu recusei, veio outra proposta de 60 milhões, recusei. Mas num dia em que o nosso treinador não estava, ele veio falar comigo a chorar e a dizer que lhe podia estragar a vida, que ia ganhar muito dinheiro em três anos. Perante o que me disse e perante o que prometi, que não lhe cortaria as pernas, decidi deixá-lo sair”, começou por dizer.

“Mas tínhamos parceiros. Um deles era um banco brasileiro [BMG], que tinha uma percentagem grande do passe. Sobre essa percentagem grande, falei com o presidente do banco e disse que tinha uma proposta de 60 milhões, mas não aceitava. Disse que não aceitava porque eles iam receber uma pipa de dinheiro e não fizeram nada na renovação. Se estivessem disponíveis para baixar essa percentagem, iria pensar. No dia seguinte, telefonaram a dizer que era preferível receber 12 milhões do que não receber nada. Fizeram um bom negócio”, revelou Pinto da Costa.

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Por fim, e numa nova crítica à comunicação social no geral e aos programas de comentário desportivo em particular, o presidente do FC Porto comentou as declarações recentes de Carlos Xavier — que, na Sporting TV, referiu-se a Mehdi Taremi como “o muçulmano”. “Um antigo jogador referiu-se a Taremi como ‘o muçulmano que não sabia nadar e agora só sabe mergulhar’. Isto é inacreditável. Como é uma televisão permite isto? Não sei se o SOS Racismo vai protestar. Se calhar, se o Taremi tivesse dado um beijo a uma mulher, era um escândalo. Esse é o grande cancro do futebol. O único canal que não tem um programa desses é a SIC e está no topo das audiências há muito tempo. Se calhar, as pessoas já perderam a paciência para tantas asneiras”, terminou.