O presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Isaltino Morais, veio mais um vez justificar os “almoços de trabalho” que, desde 2017, custaram à autarquia mais de 139 mil euros. Se o líder do executivo “não se deslumbra” com um arroz de lavagante, com um vinho Pêra Manca branco também não, afirmou na última reunião da Assembleia Municipal de Oeiras.
Isaltino justificou os elevados valores das faturas dos almoços contestados, e que foram noticiados em primeira mão pela revista Sábado, dando grande atenção aos preços do vinho de luxo Pêra Manca — uma das principais marcas de referência do setor vinícola nacional e que, para Isaltino, é “um vinho banal” na sua versão de branco.
Câmara de Oeiras pagou 139 mil euros em “almoços de trabalho” que incluem lagosta e champanhe
“Cinco faturas têm vinho Pêra Manca. Vinho branco Pêra Manca. Mas o jornalista, sério e rigoroso, disse ‘Pêra Manca’. Portanto, é caso para perguntar: tinto ou branco? É que há uma diferença substancial: o tinto custa 500 euros a garrafa, o branco custa 55″, disse Isaltino Morais na passada quinta-feira, 7 de setembro, durante a sessão extraordinária da Assembleia Municipal.
“Este Pêra Manca branco é um vinho banal. Não é o vinho tinto de 500 euros”, acrescentou.
Isaltino explica a questão dos almoços na Câmara Municipal de Oeiras e pergunta: branco ou tinto? pic.twitter.com/c9H6txlRdD
— Mariana Leitão (@marianalqcl) September 8, 2023
O presidente da Câmara de Oeiras afirma ainda que almoçar é “um sacrifício enorme” e que os seus pedidos não representam uma despesa grande para a autarquia, uma vez que está a fazer dieta e, muitas vezes, opta por uma salada em vez de carne.
Almoço para Isaltino “é um sacrifício enorme” porque está a fazer dieta
“Para mim é um sacrifício enorme. Eu só já vou a almoços e jantares por dever de oficio e continuarei a ir”, afirmou, acrescentando: “Nem imaginam o esforço que eu faço para emagrecer. Tento até, muitas vezes, nesses almoços beber um copo de água e petiscar uma salada.”
Por fim, apresentou a lista com todos os restaurantes onde durante o seu consulado organizou os “almoços de trabalho”, fazendo notas sobre quais os pratos que recomenda.
Mariana Leitão, deputada à Assembleia Municipal de Oeiras pela Iniciativa Liberal, comentou a participação de Isaltino Morais, classificando os restaurantes que apresentou como inacessíveis para a maior parte dos residentes de Oeiras.
“Veio justificar-se com uma panóplia de menus de restaurantes aos quais a maior parte dos oeirenses provavelmente nem sequer consegue aceder como se fosse a normalidade comum da direção de um município andar a ir almoçar a sitio A ou sitio B. As reuniões de trabalho fazem-se em salas de reuniões”, afirmou.
No mês passado, a revista Sábado revelou os resultados de uma investigação a milhares de faturas de refeições durante o consulado de Isaltino na Câmara Municipal de Oeiras: 139 mil euros gastos desde 2017 em “almoços de trabalho”, que nos exemplos consultados pela revista incluíam pedidos como arroz de lagosta, lavagante ou champanhes de preços elevados.