Aníbal Cavaco Silva defende uma avaliação “ética” e constante dos ministros e diz que “um ministro popular pode não ser um bom ministro do ponto de vista do interesse nacional”. São alguns dos conselhos que o ex-Presidente da República deixa no livro O Primeiro-Ministro e a Arte de Governar (Porto Editora), que chega às livrarias esta sexta-feira.

O jornal Público pré-publica esta terça-feira um dos capítulos da obra, intitulado “A avaliação dos ministros”, onde se leem conselhos práticos como: “O que o primeiro-ministro não pode fazer é criticar o trabalho de um seu ministro em frente de quem quer que seja.” Cavaco Silva considera que a avaliação do trabalho realizado por cada um dos ministros é “uma das tarefas mais complexas e delicadas do primeiro-ministro”.

No mesmo excerto, o ex-PR sublinha a importância da “competência revelada nas negociações em que estiveram envolvidos no Conselho de Ministros da União Europeia, a capacidade de relacionamento com a sociedade civil e de resposta aos adversários políticos, bem como o bom senso e sentido de Estado perante a comunicação social”.

“Um ministro popular pode não ser um bom ministro”

Cavaco Silva disserta ainda sobre a popularidade dos ministros, que acredita que “não deve ser  critério de avaliação de desempenho com peso significativo”. “Um ministro popular pode não ser um bom ministro do ponto de vista do interesse nacional”, defende, alertando para a necessidade de “realização e defesa de medidas impopulares” e para a disparidade da exposição pública na comunicação social entre ministros “pela própria natureza dos ministérios”.

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“As sondagens devem ser para o primeiro-ministro apenas um entre vários indicadores da ação governativa. Se viver delas e para elas, presta certamente um mau serviço ao País”, lê-se ainda no texto publicado no jornal.

O que o primeiro-ministro não deve fazer em momento algum é “criticar o trabalho de um seu ministro em frente de quem quer que seja”. “Se tem algum reparo a fazer, deve fazê-lo na reunião de trabalho a dois e o ministro deve ficar certo de que disso guarda total confidencialidade. Por outro lado, não pode deixar de reafirmar sem hesitação a sua confiança em qualquer ministro, enquanto ele se mantiver em funções. Se não a merece, então deve propor ao Presidente da República a sua exoneração”.

O livro, anunciado na última semana, tem 10 capítulos que abordam temas como as competências do primeiro-ministro, a escolha dos ministros, a presidência do Conselho de Ministros, a avaliação e as reuniões com os ministros, as remodelações governamentais, o relacionamento do primeiro-ministro com o Presidente da República e o Governo de coligação.