A agência da ONU para os Refugiados (ACNUR) avisou esta sexta-feira que a situação na ilha italiana de Lampedusa é crítica, após a chegada por mar de um número sem precedentes de migrantes e refugiados nos últimos dias.

Migrações: Lampedusa regista recorde de mais de 5 mil chegadas em 24 horas

“A situação em Lampedusa é crítica e reconhecemos que estão em curso ações urgentes para devolver a ilha à normalidade”, disse Chiara Cardoletti, representante local do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), num comunicado.

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“Reconhecemos plenamente as dificuldades causadas por um elevado número de pessoas que chegam simultaneamente a uma pequena ilha, onde as capacidades de acolhimento são limitadas. Para garantir que as pessoas recebem a assistência de que necessitam, o descongestionamento da ilha continua a ser uma prioridade máxima”, acrescentou Cardoletti, expressando o seu apreço pelos esforços das autoridades italianas “que já transferiram quase 5.000 pessoas nas últimas 28 horas”.

“Nesta situação de grave sobrelotação, é prioritário identificar e garantir uma assistência adequada às pessoas vulneráveis, como, por exemplo, os sobreviventes de situações de violência e aqueles com outras condições frágeis”, disse ainda a representante.

Cardolettimostrou-se confiante de que a situação pode ser resolvida, “com um mecanismo de desembarque que envolve a utilização de navios de maior capacidade para aliviar a pressão sobre Lampedusa, trazendo também as pessoas resgatadas para outras áreas de desembarque”.

Esta solução, explicou a representante, “requer o apoio precoce da União Europeia (UE) num espírito de responsabilidade partilhada e de solidariedade para com os países de primeiro desembarque”.

A representante reiterou ainda o apelo do ACNUR para o estabelecimento de um mecanismo regional para procedimentos de desembarque e de redistribuição das pessoas que chegam por mar.

Itália, a par da Grécia, Espanha ou Malta, é um dos países da “linha da frente” ao nível das chegadas de migrantes irregulares à Europa.

O país está integrado na chamada rota do Mediterrâneo Central, encarada como uma das mais mortais, que sai da Tunísia, Argélia e da Líbia em direção ao território italiano, em particular à ilha de Lampedusa, e a Malta.

Na terça-feira, foram registados 110 desembarques com mais de 5 mil migrantes na pequena ilha siciliana, que fica mais perto da costa africana do que da própria península italiana.

O grande número de chegadas acabou por saturar as infraestruturas locais, onde durante terça-feira se formou um engarrafamento de embarcações à espera para desembarcar na pequena ilha.

O centro de acolhimento (hotspot) de Lampedusa, com capacidade para 400 pessoas, ficou completamente sobrelotado, com cerca de 6 mil migrantes.