Quinze trabalhadores desempregados da refinaria da Galp, em Matosinhos (Porto), cujas operações terminaram em 2021, iniciaram uma formação para se tornarem maquinistas ferroviários com fundos europeus, anunciou esta sexta-feira o secretário de Estado do Trabalho, Miguel Fontes.
Em entrevista telefónica à agência Lusa após visitar o Instituto de Emprego e Formação Profissional do Cerco, no Porto, o secretário de Estado do Trabalho, Miguel Fontes, avançou que 15 antigos trabalhadores da antiga refinaria da Galp, em Matosinhos, envolvidos no processo de despedimento coletivo, iniciaram esta quinta-feira um curso de formação de maquinista ferroviário, que está a ser administrado pela Fernave — Formação Técnica, Psicologia Aplicada e Consultadoria em Transportes e Portos e que vai durar oito meses.
Estamos a arrancar esta ação de formação com 15 ex-trabalhadores que serão, esperamos nós futuramente, maquinistas ao serviço, esperamos também, da CP, e assim ajudarmos também à descarbonização por esta via, valorizando a ferrovia, valorizando o trabalho ferroviário, podendo, no fundo, permitir que estes trabalhadores se mantenham evidentemente, como é sua expectativa lógica, em pleno”, declarou.
Miguel Fontes explicou que teve oportunidade de poder dar expressão a uma ação de formação dirigida, particularmente a um subgrupo daqueles trabalhadores que foram objeto de um processo de despedimento coletivo aquando do encerramento da instalação da Galp da refinaria da Galp, em Matosinhos.
O curso surge no âmbito de uma candidatura que o IEFP fez ao fundo de transição através da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR Norte) e que permite que Fernave esteja a desenvolver desde ontem [quinta-feira], um programa de formação que se desenvolverá ao longo dos próximos oito meses, e cujo objetivo é transformar aqueles 15 antigos trabalhadores da refinaria em futuros maquinistas ferroviários.
Os formandos no curso de maquinista ferroviário vão receber rendimento ao longo da formação, referiu Miguel Fontes
As transições, para serem efetivas, têm de ser “justas”, seja a transição energética, seja a digital, defendeu Miguel Fontes, considerando que esta ação de formação é “um bom exemplo” dessa transição justa.
O Fundo para a transição justa conta “globalmente com 60 milhões de euros para apoiar a criação de 150 novos empregos e a requalificação e a formação dos 170 desempregados, nomeadamente de longa duração e é no âmbito deste fundo que nós [IEFP], apresentámos uma candidatura para poder fazer acontecer esta ação de formação”, concluiu.
As operações de refinação da Galp, em Matosinhos, foram concluídas em abril de 2021, mas mais 30% do total dos trabalhadores da refinaria vão manter-se até janeiro de 2024, no âmbito das operações de desmantelamento e descontinuação.
Em maio de 2021, a Galp deu início a um despedimento coletivo de cerca de 150 trabalhadores da refinaria, chegando a acordo com 40% dos cerca de 400 colaboradores.
A petrolífera justificou a decisão de encerramento da refinaria de Matosinhos com o contexto europeu e mundial da refinação, com os desafios da sustentabilidade e com as características das instalações.
O Estado é um dos acionistas da Galp, com uma participação de 7%, através da Parpública.