“Um horário por preencher é um horário a mais. Um aluno sem aulas não é aceitável”. As palavras são do ministro da Educação, João Costa, que afirmou que não é possível, nem ao Governo, nem a “ninguém”, fazer uma “estimativa precisa” de quantos alunos começam o ano letivo sem professores.
Em entrevista à SIC Notícias esta sexta-feira, dia em que é conhecida uma nova lista de colocação de professores, o governante justificou que “ninguém consegue fazer uma estimativa precisa” porque “nesta fase, as escolas dão sempre prioridade, na distribuição do serviço, aos horários que são mesmo para aulas”. “Temos horários muito variáveis, portanto é difícil saber”.
O problema da falta de professores no início de um novo ano letivo “não fica resolvido hoje”. Desde o dia 23 de agosto, foram colocados mais de 39 mil professores. Cerca de 800 docentes foram colocados ao abrigo da modalidade “habilitação própria”. Isso significa que têm “formação científica”, mas que ainda não fizeram a “formação pedagógica”. “Que não fique a ideia que estamos a contratar pessoas que não têm qualquer experiência”, alertou João Costa.
A “única forma de termos mais professores é formamos mais professores”. Porém, apesar de “a procura dos cursos de formação” estar a crescer, tal ainda não acontece “a um ritmo que antecipe a resolução do problema”. “Isto tem de acelerar”, salientou o ministro da Educação. Questionado acerca da falta de docentes a Sul, explicou que existe um problema de “solução muito difícil” porque os professores querem ficar “mais perto de casa”, mas “fazem falta na outra ponta do país”: “Tivemos mais formação de professores a Norte do que a Sul e temos mais necessidades de professores a Sul do que a Norte”.
Garantindo não estar a “desvalorizar minimamente” a falta de professores, João Costa afirmou que os problemas são “muito antigos” num “sistema que se foi desorganizando cada vez mais”. “Um problema com 50 anos não se resolve em meses”, adiantou, defendendo que é necessário tempo.
Questionado pela SIC Notícias acerca dos cartazes que o caricaturaram com um lápis espetado no olho esquerdo e ao primeiro-ministro com um nariz de porco, o ministro da Educação considerou-os “muito feitos em termos estéticos”, em “termos de ilustração”. Além das opiniões de “gosto pessoal”, disse que “a maior parte” dos professores que conhece não se revê nas imagens e que é um “pequeno grupo” que anda com elas pelo país. Para João Costa, os cartazes são “de mau gosto, de incitação ao ódio e à violência” e um “mau exemplo para os alunos”.
Aqueles cartazes não representam a contestação dos professores. Sim, há ainda muito descontentamento, mas também reconhecimento de avanço”, salientou.
Com garantias de que o Governo nunca parou de “trabalhar e de ir apontando soluções para problemas novos, para problemas antigos”, o ministro acredita que, “mesmo quando não estamos de acordo”, é necessário um esforço para que os alunos não sejam mais prejudicados. “Os alunos precisam de voltar à escola com mais serenidade.”
Para João Costa é “muito claro” que em sede negocial é necessário ter “posições que não são de intransigência”, mas sim de “cedência de parte da parte, de compreensão”. Questionado sobre se considera que os professores têm sido intransigentes, respondeu que “a reivindicação dos professores desde o primeiro dia é igual à do último dia”.
Na entrevista à SIC Notícias, o governante destacou também uma medida pedida pelos sindicatos: a recuperação anual de vagas. “Os concursos grandes eram só de quatro em quatro anos, vão passar a ser anuais. Todos os anos, quando um professor se aposenta, a vaga abre”.