Erling Haaland tem 1,94 metros. Ederson tem 1,88 metros. Bernardo Silva tem 1,73 metros. De repente, os três jogadores do Manchester City pareciam autênticas crianças ao lado de alguém totalmente vestido de verde, de óculos escuros e boné na cabeça, com uns míticos Air Jordan calçados e umas meias brancas. A fotografia, tirada no balneário dos citizens, correu o mundo. E o mesmo mundo depressa perguntou quem era o “gigante” de verde, óculos escuros e boné.

A resposta, na verdade, é bastante simples. Mamadou N’Diaye foi jogador de basquetebol, sendo que está sem clube desde 2020, e tem 2,29 metros — ou seja, mais 35 centímetros do que Haaland, o mais alto dos três jogadores do Manchester City que aparecem na fotografia. O momento foi captado no fim de semana, logo depois de a equipa de Pep Guardiola derrotar o West Ham em Londres e na altura em que N’Diaye foi visitar os citizens no balneário.

Nascido em Dakar, no Senegal, Mamadou N’Diaye até começou por jogar futebol. Só em 2010, quando já tinha 17 anos, é que um adjunto da equipa de basquetebol da Universidade do Califórnia o viu a disputar uma partida em conjunto com alguns amigos num ginásio. Impressionado com a altura do senegalês, convidou-o a viajar com ele para os Estados Unidos, sendo que N’Diaye chegou ao país sem saber falar uma palavra de inglês.

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Pouco depois de chegar aos Estados Unidos, começou a sentir dores de cabeça muito fortes e foi diagnosticado com um tumor do tamanho de uma bola de golfe na hipófise, no cérebro, uma condição que tinha sido responsável pelo gigantismo de que sofria e que a longo prazo poderia causar problemas sérios ao nível da visão. N’Diaye acabou por ser operado, muito graças à ajuda de associações de solidariedade, e foi depois alocado numa família de acolhimento de Huntington Beach, na Califórnia. “Quando descobri nem foi um grande choque, porque nem sabia o que era um tumor. Só se tornou difícil quando me explicaram o que era”, chegou a contar.

Enquanto pivô e depois de dar nas vistas logo no ensino secundário, o senegalês considerou várias universidades mas acabou por escolher os Irving Anteaters da Universidade da Califórnia, num quase agradecimento a quem o levou para os Estados Unidos. Foi um dos melhores jogadores dos californianos durante os três anos que lá passou, atingindo médias de 12 pontos, sete ressaltos e 23 minutos por jogo na última temporada, e decidiu entrar no draft da NBA em 2016.

Não foi escolhido por nenhuma equipa, mas teve a primeira oportunidade à boleia dos Golden State Warriors na Summer League desse mesmo ano. Assinou depois pelos Detroit Pistons, ainda que depressa tenha sido relegado para os Grand Rapids Drive, a equipa dos Pistons na G League, de onde também saiu ainda antes do início da fase regular da temporada. Mudou-se para o México em setembro de 2018, para fazer dois jogos pelo Fuerza Regia de Monterrey antes de ser dispensado, e representou depois o Correcaminos. Desde 2020, porém, não está ligado a qualquer equipa.

Sem que se perceba exatamente o que anda Mamadou N’Diaye a fazer por estes dias, é certo que o senegalês de 30 anos tem ocupado a vida a tirar fotografias onde é naturalmente muito mais alto do que as personalidades com que se encontra. Antes de visitar o Manchester City, já tinha tirado uma fotografia semelhante com Deontay Wilder, pugilista norte-americano, e Yuki Tsunoda, piloto japonês de Fórmula 1 que tem 1,59 metros.