O chefe de Estado entende que “a diplomacia guineense alcançou sucessos notáveis, que foram amplamente reconhecidos no seio da comunidade internacional”, mas nota que esta projeção externa “foi a mais desvalorizada nas últimas décadas”.
“Junto dos nossos parceiros bilaterais e multilaterais, em África e no mundo, a Guiné-Bissau ganhou visibilidade positiva, alargou o âmbito das suas opções diplomáticas, foi capaz de mostrar utilidade nesse exercício de ‘dar e receber’ que, como é sabido, é próprio de uma diplomacia lúcida e atenta aos interesses nacionais que representa”, indicou.
O discurso à nação do presidente chegou em vídeo às colinas do Boé, onde simbolicamente a Assembleia Nacional Popular decidiu voltar este fim de semana para recriar a constituinte que há 50 anos proclamou unilateralmente a independência da Guiné-Bissau de Portugal.
Umaro Sissoco Embaló decidiu focar o discurso presidencial na imagem externa do país, para realçar a consolidação de relações diplomáticas antigas, o alargamento do âmbito das relações, os “novos amigos” e “novas e promissoras parcerias económicas e culturais”.
O presidente recordou que a Guiné-Bissau presidiu, pela primeira vez, à Conferência dos Chefes de Estado e de Governo da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e que, dentro de dois anos, vai presidir à Conferência dos Chefes de Estado e de Governo a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Lembrou ainda a presidência da Aliança dos Líderes Africanos contra a Malária e que a Guiné-Bissau recebeu chefes de Estado e de Governo de muitos países amigos.
“Nos 50 anos da nossa independência, é difícil encontrar um paralelo comparável, um período que tivesse sido diplomaticamente mais fecundo do que este que estamos a considerar, compreendido entre 2020 e 2023”, afirmou.
O chefe de Estado agradeceu aos representantes do corpo diplomático, às organizações internacionais, que têm sido parceiras no esforço para desenvolver a Guiné-Bissau, e endereçou “uma saudação especial” a todos os cidadãos estrangeiros que trabalham ou que escolheram viver no país.
O Presidente da República começou por dirigir-se aos guineenses a viver no país e na diáspora, a quem disse que, “apesar da situação social e económica difícil, um aniversário da Independência é sempre um dia de alegria, de esperança”.
Sissoco falou da unidade nacional e lembrou o então comandante do Exército Popular de Libertação Nacional e antigo presidente da República Nino Vieira, que proferiu o discurso da independência e “as palavras que ficaram gravadas, para sempre, na história do povo guineense”.
Foi a 24 de setembro de 1973, data que marca a história do país por estar associada também à criação da Assembleia Nacional Popular, à promulgação da primeira Constituição da República e à formação e entrada em funções do primeiro Governo do Estado guineense (o Conselho dos Comissários de Estado).
“Quero dirigir uma palavra de apreço e de homenagem a todos aqueles que deram tudo na resistência à opressão colonial, na luta clandestina anticolonial e na árdua luta armada de libertação nacional que durou mais de dez anos”, declarou.
A mensagem do presidente à nação e as comemorações da Assembleia Nacional Popular no Boé, durante este fim de semana, são o primeiro ato das comemorações dos 50 anos da independência da Guiné-Bissau que, como frisou o presidente, “vão ter o seu ponto alto no próximo mês de novembro”, do dia 16, com a presença de representantes de vários países, entre eles o Presidente da República e o primeiro-ministro de Portugal.