Alberto João Jardim disse na segunda-feira entender o discurso do líder do PSD/Madeira, Miguel Albuquerque, a vincar que não governa a região sem maioria absoluta, e considerou que Luís Montenegro está “a demonstrar ser muito caloiro”.
“Sempre entendi que o que [Albuquerque] queria dizer quando falou em se demitir era ter um governo de maioria absoluta. A Madeira é um sistema parlamentar. Eu não sei o porquê de tanto barulho. É verdade que o resultado da coligação não é famoso, mas não há solução governativa neste momento sem o PSD”, vincou o presidente do Governo Regional da Madeira entre 1978 e 2015, na entrevista ao Público.
Nas eleições regionais de domingo a coligação formada por PSD e CDS-PP obteve 43,13% dos votos e elegeu 23 dos 47 deputados, ficando a um da maioria absoluta.
Jardim diz que não se deveria ter chegado ao ponto de ter de convidar um deputado eleito por outra força política que concorreu às eleições para fazer maioria, nomeadamente Mónica Freitas, do PAN, ou Nuno Morna, da Iniciativa Liberal. E garantiu ainda não compreender a tirada “Montenegro 1 — Costa 0”, proferida pelo líder nacional do PSD, no discurso de rescaldo das eleições regionais.
Apesar de ver Luís Montenegro como “uma pessoa intelectualmente honesta”, o antigo presidente do Governo madeirense considera que o líder nacional dos sociais-democratas está “a demonstrar ser muito caloiro”, não tendo tido “um discurso feliz”, porque, no entender de Jardim, nada havia para festejar.
“Não festejou coisa nenhuma porque não houve vitória. Isto foram as eleições onde todos perderam. É uma penalização do PSD e do PS. É a revolta da classe média. Esta gente está farta da falta de coragem de alterar o sistema”, vincou.
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Alberto João Jardim considerou ainda que o bloco central do sistema político português deveria ter “um sentido patriótico” para alterar o sistema constitucional 50 anos depois do 25 de abril, em vez de “andarem a brincar aos partidos” com “as palhaçadas que são as propostas de revisão constitucional” entregues na Assembleia da República.
O antigo líder do PSD/Madeira considerou também humilhante para a região autónoma a presença de líderes nacionais em eleições regionais e reivindicou uma autonomia com soluções adequadas, que contemplam necessariamente a regionalização de Portugal.
A coligação formada por PSD e CDS-PP foi a força mais votada nas eleições legislativas regionais da Madeira, no domingo, elegendo 23 dos 47 deputados, seguida do PS, que elegeu 11 deputados, tendo perdido oito face às eleições de 2019, o JPP cinco e o Chega quatro, enquanto a CDU, o BE, o PAN e a IL elegeram um deputado cada.