A Meta, a empresa que controla o Facebook, Instagram e tem um pé na realidade virtual e no metaverso, revelou esta quarta-feira novos equipamentos, incluindo o headset de realidade mista Meta Quest 3, e projetos na área da inteligência artificial (IA).
O headset não era propriamente uma novidade, já que, a conta-gotas, a Meta foi apresentando alguns pormenores sobre os Quest 3. A oficialização do equipamento, com as especificações técnicas a acompanhar, foi feita no Meta Connect 2023, o evento anual de dois dias da empresa dedicada a inteligência artificial (IA), realidade virtual, aumentada e ao metaverso.
Como habitual, a apresentação principal coube a Mark Zuckerberg, o CEO da empresa. Estava previsto que começasse a revelar novidades da empresa às 18 horas, hora de Lisboa, mas só teve início meia hora mais tarde. “Pedimos desculpa pelo atraso”, era possível ler no texto que acompanhou a transmissão em direto na rede social.
“É muito divertido voltar a estar em pessoa. Já não acontecia há muito tempo”, disse Zuckerberg ao subir a palco, perante a plateia no Connect 2023 — nos últimos anos, não houve componente presencial, devido à pandemia.
Zuckerberg descreve os novos óculos como “os mais avançados” já desenvolvidos pela tecnológica, devido ao uso da plataforma Snapdragon XR2 Gen 2, desenvolvida em parceria com a Qualcomm. Uma vez que se trata de um dispositivo de realidade mista, estes óculos conseguem apresentar informação virtual no mundo real. Além de vários usos mais ligados a jogos e entretenimento, como acompanhar jogos da NBA como se estivesse no local, também ficou a promessa de novidades para as empresas.
As pré-vendas ficaram disponíveis esta quarta-feira e o equipamento vai chegar aos clientes a 10 de outubro. A Meta descreve este headset como o “primeiro headset de realidade mista de consumo massificado” devido ao preço do equipamento. Nos Estados Unidos, a versão com 128 GB de capacidade vai custar cerca de 500 dólares e a versão com 512 GB cerca de 650 dólares. Aqui ao lado, em Espanha, a versão de 128 GB ronda os 550 euros e a de 512 aproxima-se dos 700 euros. Tal como tem acontecido com modelos anteriores, os Quest 3 não vão estar disponíveis no mercado português.
A empresa quis demonstrar que continua empenhada em “casar” a ideia de realidade mista com as plataformas e redes sociais que fazem parte do grupo. Foi anunciado que, a partir do próximo ano, os utilizadores vão poder interagir com objetos virtuais no espaço real. Por exemplo, de óculos postos, será possível ver na sala de casa uma janela que está a mostrar Reels do Instagram e do outro lado um alerta que avisa quando é que vai chover. A Meta explicou que a ideia é que, sempre que coloca os óculos, estes objetos apareçam sempre no mesmo sítio.
Foi neste evento, então chamado Facebook Connect, que a tecnológica anunciou, em outubro de 2021, a decisão de mudar de nome para refletir os esforços no metaverso.
Meta AI, assistentes pessoais com personalidade… e muitas celebridades
Num ano em que a IA é um tema inevitável na indústria, a Meta quis mostrar que está preparada para competir nesta corrida. Além de divulgar o EMU (Expressive Media Universe), um modelo para gerar imagens, apresentou a Meta AI, um projeto em que os utilizadores vão poder interagir com assistentes com diferentes personalidades.
“O Meta AI é um assistente básico, com o qual se vai poder falar como se fosse uma pessoa”, explicou Zuckerberg. “Vai ajudar a responder a qualquer pedido básico”, explicou o CEO da tecnológica, acrescentando que o modelo de geração de imagem EMU vai funcionar diretamente neste assistente. O assistente vai estar presente no WhatsApp, Messenger, Instagram, no Quest 3 ou até nos óculos inteligentes desenvolvidos em parceria com a Ray-Ban. Na versão de texto, a Meta AI vai ter acesso a informação em tempo real, através de uma parceria de pesquisa com o Bing, da Microsoft. E, recorrendo ao EMU, também vai conseguir responder a pedidos para gerar imagens.
A Meta IA vai poder ser chamada em qualquer chat, por exemplo no WhatsApp. “Estamos a testar isto internamente e é muito divertido poder usar isto para criar imagens em conversas ou para resolver alguns debates” — como, por exemplo, quantos anos tem determinado ator. “Acho que vai ser uma coisa em grande”, disse Zuckerberg.
Mas logo a seguir, Zuckerberg admitiu que a empresa quer “desenvolver IA que são um bocadinho mais divertidas de interagir”. E, para isso, mostrou alguns exemplos de assistentes com personalidade, interesses e gostos diferentes, que vão ter a sua imagem baseada em celebridades. Na demonstração, foi apresentada uma assistente digital inspirada em Paris Hilton, que vai assumir a personalidade de uma detetive, por exemplo. Kendall Jenner, Tom Brady, Roy Choi ou a tiktoker Charli D’Amelio também participam no projeto — ao todo, serão “28 IA a quem o utilizador poderá enviar mensagens no WhatsApp, Messenger e Instagram”. Pode ver um exemplo neste vídeo.
A demonstração, feita em direto, foi com um assistente inspirado em Snoop Dogg, que vai assumir a personalidade de um dungeon master, preparado para ajudar os jogadores em algumas áreas de jogos. A Meta quer que quem venha a usar estas funcionalidades pense nestas IA como “um elenco de personagens, em que cada um tem histórias e origens diferentes”.
Por agora, esta funcionalidade vai ser disponibilizada em modo beta, de teste, nos EUA a partir desta quarta-feira, com apenas algumas personagens.
O modelo EMU ainda vai ter mais funcionalidades. Vai conseguir, em breve, editar imagens de forma mais rápida, respondendo a pedidos de texto — por exemplo, “transformar esta imagem numa aguarela”, ou a eliminar ou a alterar fundos. No WhatsApp e Instagram, onde os stickers, as pequenas imagens usadas nas conversas, têm conquistado espaço, também há uma função para o EMU — vai poder fazer stickers personalizados a partir de texto. Por exemplo, pode pedir para criar um sticker de uma pizza a jogar basquetebol ou de um guaxini feliz numa mota. O pedido tem resposta em segundos, explicou a empresa. Por agora, os stickers feitos por IA só vão estar disponíveis em inglês, a partir do próximo mês.
A Meta anunciou ainda novos óculos, feitos em parceria com a Ray-Ban. Vão estar à venda a partir de 17 de outubro, a rondar os 299 dólares. Chamam-se Ray-Ban Meta Smart Glasses e vão poder transmitir vídeos e imagem diretamente para as redes sociais da empresa. Na apresentação, a Meta mostrou um vídeo com o piloto de Fórmula 1 Charles Leclerc.