Um tribunal do Vietname condenou esta quinta-feira a três anos de prisão uma importante ativista ambiental por evasão fiscal, anunciou o seu advogado.

O tribunal da Cidade de Ho Chi Minh considerou a ativista Hoang Thi Minh Hong, fundadora da organização não governamental (ONG) Change, culpada de não pagar 275.000 dólares (261,7 mil euros) em impostos ligados às campanhas ambientais, disse à agência de notícias France-Presse (AFP) o seu advogado, Nguyen Van Tu.

Hoang Thi Minh Hong fundou a extinta ONG em 2013 para mobilizar a geração mais jovem em torno dos desafios ambientais do Vietname, como as alterações climáticas, o tráfico de animais selvagens e a poluição.

A ativista de 50 anos foi detida e encontrava-se em prisão preventiva desde maio. O marido, Hoang Vinh Nam, disse à AFP estar “desiludido” com a sentença, que considerou demasiado pesada.

A sentença é injusta para Hong”, afirmou. “O advogado de defesa fez o seu melhor, mas os seus argumentos não foram devidamente tidos em conta”, acrescentou.

Hong admitiu as acusações imputadas e pagou ao Estado 3,5 milhões de dongs (138 mil euros) em troca de clemência, segundo a imprensa estatal.

O Vietname é regularmente acusado por grupos de defesa dos direitos humanos de reprimir todas as vozes discordantes, em especial as que denunciam danos ambientais.

Hoang Thi Minh Hong encerrou a Change em 2022, depois de o regime comunista autoritário ter detido quatro outros ativistas por evasão fiscal, entre os quais Nguy Thi Khanh, que passou quase um ano na prisão antes de ser libertada em maio.

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Vencedora do Prémio Ambiental Goldman de 2018, conhecido como o “Nobel Verde”, Nguy Thi Khanh é uma das poucas vozes críticas à utilização crescente de centrais elétricas a carvão por parte do governo.

Esta onda de repressão está a comprometer os esforços do país para combater os efeitos das alterações climáticas, às quais é particularmente vulnerável, como denunciaram várias ONG no ano passado.

O Vietname pretende atingir a neutralidade carbónica até 2050, um objetivo encorajado em dezembro por um grupo de países ricos e instituições internacionais, incluindo a França e a União Europeia, que se comprometeram a mobilizar 15,5 mil milhões de dólares (14,8 mil milhões de euros) para ajudar Hanói.