Menos de uma semana depois de a única estrada que faz a ligação entre Nagorno-Karabakh e o território da Arménia ter sido franqueada, na sequência da intervenção militar do Azerbaijão no enclave, foram já mais de 100 mil os refugiados que passaram a fronteira.
A atualização foi feita este sábado por Nazeli Baghdasaryan, porta-voz do primeiro-ministro da Arménia — 100.417 é o número exato que, na comparação com o da população total do território, 120 mil, denuncia um êxodo quase total da população de etnia arménia do enclave.
Apesar de o Azerbaijão ter garantido que dos seus planos não fará parte qualquer tipo de retaliação contra o povo arménio e que o objetivo será reintegrar a região no território nacional, tratando os respetivos residentes como iguais, os agora refugiados terão preferido dar ouvidos a Erevan, que desde o início tem avisado que essa declaração de intenções não passará de uma “mentira”.
“É propaganda total, outra propaganda falsa do Azerbaijão. Ninguém vai ficar em Nagorno-Karabakh”, disse este sábado à BBC Edmon Marukyan, o embaixador-geral da Arménia.
“Restam, no máximo, algumas centenas de pessoas, a maioria funcionários, empregados dos serviços de emergência, voluntários, algumas pessoas com necessidades especiais”, escreveu este sábado no X (antigo Twitter) Artak Beglaryan, antigo funcionário separatista arménio.
Sendo que, acrescentou num outro post, as poucas centenas de pessoas que ainda não saíram, “também estão de partida”.
Artsakh is almost fully empty with at most a few hundred people remaining, who are also leaving.
Are intl observers going to check how the rights & security of the animals are protected by the Aliyev genocidal regime?
With strong intl guarantees people will return to their homes. pic.twitter.com/VylGCyoO2I— Artak Beglaryan | #StopArtsakhGenocide (@Artak_Beglaryan) September 30, 2023
De acordo com a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), muitos dos que agora procuram refúgio na Arménia “têm fome, estão exaustos e precisam de assistência imediata”.