A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) alertou esta sexta-feira para a possibilidade de faltarem ambulâncias nas corporações dos bombeiros devido ao tempo que um pedido de socorro pode demorar com os atuais constrangimentos nas urgências dos hospitais.
Estamos a viver uma situação muito complexa do ponto de vista da gestão de meios. Esta situação de haver hospitais com constrangimentos nas urgências é complicada para os corpos de bombeiros”, disse à Lusa o presidente da LBP.
António Nunes explicou que os bombeiros recebem da Proteção Civil e CODU (Centros de Orientação de Doentes Urgentes) informações sobre os constrangimentos nas urgências e para onde devem ser encaminhados os doentes, uma vez que muitos deles têm de ser atendidos em hospitais fora da zona de residência.
Esta gestão é muito difícil de fazer e cria aos corpos de bombeiros um problema que é a capacidade de disponibilizar meios adicionais porque, à medida que se aumenta a distância e o tempo por cada situação de emergência, naturalmente que diminui a disponibilidade dos bombeiros para novos serviços”, disse.
Segundo António Nunes, os bombeiros, que têm duas ou três ambulâncias e que até agora conseguiam na sua área de atuação resolver as situações, passam agora a ter meios insuficientes.
O presidente da LBP sublinhou que vai haver um momento em que os bombeiros vão deixar de ter capacidade de resposta de socorro porque não têm ambulâncias disponíveis.
O responsável frisou que há ambulâncias que têm de percorrer mais de 50 quilómetros da sua base porque as urgências da área de residência estão fechadas.
O dispositivo do INEM e dos bombeiros são normalmente para ocorrer a situações de cada comunidade e não para uma situação em que a comunidade deixou ter um serviço básico e passou a tê-lo muito mais longe”, disse, sustentando que esta situação “é um problema para os bombeiros porque a ambulância está cada vez mais distante da base”.
António Nunes deu também conta de que “há cada vez mais ambulâncias à espera à porta dos hospitais”, porque não têm macas, ficando muitas vezes entre quatro a cinco horas.
Os dirigentes da LBP tiveram esta sexta-feira uma reunião com o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, a quem transmitiram a preocupação dos bombeiros pela atual situação das urgências hospitalares e pediram para que a gestão hospitalar funcione de outra maneira.
O Ministério da Saúde tem de tomar medidas porque os bombeiros correm o risco de alguém morrer dentro de uma ambulância por incapacidade de atendimento na urgência local, na triagem ou de começarem a transportar doentes uma hora depois de ser ativada a ambulância”, sustentou, pedindo para que “não responsabilizem os bombeiros por uma situação que tem de ser resolvida pela saúde”.
António Nunes disse ainda que os corpos de bombeiros estão “obrigados a proceder a uma gestão de crise dos meios de transporte de doentes urgentes, pelo que não podem vir a ser responsabilizados por situações de atraso de ambulâncias ou outras que resultem da situação de suspensão de serviços de urgência”.
O presidente da LBP afirmou que não se trata de uma escusa de responsabilizar, mas sim de alertar para que não se corra o risco de “um doente morrer numa ambulância” porque o socorro demorou mais tempo devido à falta de ambulâncias ou pelo tempo de demora até cegar a uma urgência de um hospital.