A operação militar começou este sábado de madrugada sem que ninguém o esperasse — nem mesmo os serviços secretos de Israel. O braço armado do grupo islâmico Hamas deu início a uma operação militar, atravessou a fronteira da Faixa de Gaza, envolveu-se em confronto com as autoridades israelitas e conseguiu controlar algumas aldeias e cidades no sul de Israel. A população relata horas de terror e alguns civis foram feitos reféns e levados para os territórios palestinianos — onde o Hamas diz que estão a ser mantidos em túneis e locais seguros, sem confirmar o número de sequestrados.

As Forças de Defesa de Israel confirmaram que alguns “civis” foram sequestrados pelo Hamas, sendo que o Ministério dos Negócios Estrangeiros do país denunciou que os membros do grupo foram de “casa a casa” na Faixa de Gaza, muitas vezes levando os civis à força. “Desde esta manhã, os terroristas armados Hamas infiltraram-se em comunidades israelitas e começaram a ir de casa a casa assassinar israelitas inocentes”, segundo a descrição da diplomacia israelita. Um porta-voz do Hamas citado pela a Sky News falou na existência de dezenas de soldados israelitas capturados em Gaza que estão presos em túneis e locais seguros.

Os relatos confirmam o cenário traçado pelo Ministério israelita. Citada pelo Times of Israel, Dorin, uma mulher que vive perto da Faixa de Gaza, conta que os membros do Hamas entraram em sua casa e tentaram arrombar a porta do abrigo onde estava com o marido. “Eles vieram várias vezes. Há várias casas destruídas… O meu marido tentou manter a porta fechada. Estão a disparar.” 

Na comunidade agrícola de Be’eri, muito próxima também de Gaza, há relatos de vários civis raptados. Uma residente contou ao canal de televisão 12 que o seu pai tinha sido levado para a Faixa de Gaza. “Ele mandou-me a mensagem a contar que [o Hamas] estavam em casa. Eles disseram que o iam levar”. Ella, que também mora naquela localidade, relatou ao Times of Israel que se escondeu no abrigo e que ouvia “vários tiros”.

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Outro habitante da localidade relatou, ao mesmo meio de comunicação, que havia casas a arder e criticou a falta de resposta por parte das autoridades israelitas: “Não há ninguém a ajudar, não há soldados”. “Eu estou apenas à espera dos terroristas. Eles vão casa a casa e estamos apenas à espera que eles venham”, indicou o homem, que preferiu não identificar-se, e que vive com a mãe e com a filha.

A treze quilómetros da Faixa de Gaza, em Kibbutz Sufa, uma mulher grávida falou ao telefone desde o abrigo, onde se mantinha com o filho de dois anos, com o canal de televisão Channel 12. “Eles estão a disparar contra a nossa casa; estão a tentar quebrar a porta do nosso abrigo”, lamentou, indicando que o marido e três outros vizinhos foram combater os membros do Hamas.

Também a bombeira voluntária Mirjam Reijnen lembrou que passou por horas de horror na localidade de Nahal Oz. Ficou com os três filhos no abrigo — e nem sequer o abandonaram para ir à casa de banho. “Saber que terroristas estão a andar nas ruas é um tipo diferente de medo”, contou.