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Gyökeres vale por dois e não deixa ninguém com menos um (a crónica do Sporting-Arouca)

Este artigo tem mais de 1 ano

Sporting viu Diomande ser expulso ainda na primeira parte, concedeu o empate, mas acabou a vencer o Arouca para manter a liderança (2-1). Gyökeres voltou a marcar e assinou uma enorme exibição.

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O avançado sueco marcou pelo terceiro jogo consecutivo

Getty Images

O avançado sueco marcou pelo terceiro jogo consecutivo

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A derrota contra a Atalanta, na quinta-feira e a contar para a fase de grupos da Liga Europa, trouxe o pior e o melhor do Sporting: os leões fizeram a pior primeira parte da temporada, sendo completamente manietados pelos italianos, mas também fizeram uma das melhores segundas partes da temporada, correndo atrás do resultado e criando várias oportunidades de golo. Talvez por isso, logo na flash interview, Rúben Amorim tenha dito que a derrota “vai dar jeito” no futuro.

Este domingo, apenas três dias depois, o Sporting recebia o Arouca em Alvalade e tinha de vencer para manter a liderança isolada do Campeonato, já que o Benfica já tinha jogado e já tinha vencido o Estoril nesta jornada. Era a última partida dos leões na antecâmara da pausa para os compromissos das seleções, sendo que os primeiros dois jogos após o regresso serão a contar para a Taça de Portugal e para a Liga Europa — o que só sublinhava a enorme importância de ganhar ao Arouca.

Ficha de jogo

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Sporting-Arouca, 2-1

8.ª jornada da Primeira Liga

Estádio José Alvalade, em Lisboa

Árbitro: António Nobre (AF Leiria)

Sporting: Adán, Diomande, Coates, Gonçalo Inácio, Ricardo Esgaio (Eduardo Quaresma, 58′, Luís Neto, 88′), Hjulmand (Daniel Bragança, 82′), Morita, Nuno Santos (Geny Catamo, 58′), Marcus Edwards (Matheus Reis, 45′), Pedro Gonçalves, Gyökeres

Suplentes não utilizados: Franco Israel, Dário Essugo, Paulinho, Iván Fresneda

Treinador: Rúben Amorim

Arouca: Arruabarrena, Morlaye Sylla, Francisco Montero, Alfonso Trezza (Miguel Puche, 76′), Oriol Busquets (Jason, 45′, André Bukia, 80′), Rafa Mújica, Bohdan Milovanov (Pedro Santos, 45′), Cristo González, Weverson, Tiago Esgaio, Rafael Fernandes

Suplentes não utilizados: Thiago Silva, Yusuf Lawal, Eboue Kouassi, Yaw Moses, Nino Galović

Treinador: Daniel Ramos

Golos: Gyökeres (31′), Rafa Mújica (52′), Morita (68′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Rafa Mújica (30′), a Diomande (30′ e 42′), a Marcus Edwards (45+2′), a Alfonso Trezza (58′), a Weverson (60′), a Eduardo Quaresma (62′), a Rafael Fernandes (64′ e 87′), a Arruabarrena (74′), a Tiago Esgaio (84′), a Pedro Santos (90+3′); cartão vermelho por acumulação a Diomande (42′), a Rafael Fernandes (87′)

“Não acredito em fantasmas e nessa ideia de que o Sporting é bipolar. Acredito que poderemos ser campeões e passar a fase de grupos na Europa. O que se passou com a Atalanta, o resultado, os adeptos não estarem satisfeitos… Isso para mim morreu naquele jogo. É normal, no nosso clube, termos essa atitude. É talvez a coisa mais desgastante como treinador do Sporting, mas já provámos tantas vezes o contrário e não acredito em nada disso”, atirou Rúben Amorim na antevisão, deixando claro que a equipa teria de ter “fome, e não raiva” na hora de querer ganhar este domingo.

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Assim, neste contexto, o treinador leonino recuperava a titularidade de Coates (que só entrou ao intervalo contra a Atalanta, depois de ter saído lesionado com o Farense), Ricardo Esgaio e Marcus Edwards, com Matheus Reis, Fresneda e Paulinho a serem suplentes. Jeremiah St. Juste, apesar de já treinar totalmente integrado, continua sem aparecer sequer na ficha de jogo. Do outro lado, num Arouca que não ganha para o Campeonato desde agosto e que nos últimos sete encontros só tinha vencido um e na Taça da Liga, Daniel Ramos não contava com o castigado David Simão e lançava Rafa Mújica.

O jogo demorou a acelerar, com o Sporting a ter muito mais posse de bola do que o Arouca, mas muita dificuldade na hora de chegar perto da baliza de Arruabarrena. A equipa de Daniel Ramos fechava muito bem o corredor central, obrigando os leões a explorar a largura do relvado e as acelerações nas alas, e tentava explorar a transição rápida sempre que o conjunto de Rúben Amorim perdia a bola na zona intermédia ou subia mais as linhas.

Pedro Gonçalves teve o primeiro remate, ainda que tenha passado ao lado da baliza (9′), e o Sporting ia controlando as ocorrências de uma partida sem oportunidades, sem lances de perigo e sem grandes pontos de interesse. Edwards ameaçou o golo com um pontapé em jeito, a descair na direita e para defesa a dois tempos de Arruabarrena (24′), e os leões acabaram por conseguir abrir o marcador à passagem da meia-hora. Edwards desequilibrou na direita, tirou um cruzamento perfeito para o poste mais distante e Gyökeres fugiu a dois adversários para rematar de primeira e completamente sozinho e marcar pelo terceiro jogo consecutivo (31′).

O conjunto leonino poderia ter aumentado a vantagem logo depois, com Edwards a cruzar novamente na direita e a ver Gonçalo Inácio, Coates e Diomande ficarem todos a centímetros do desvio para a baliza (39′), mas o lance mais polémico da primeira parte ainda estava por aparecer. A instantes do intervalo, já depois de ter visto um cartão amarelo por se ter desentendido com Rafa Mújica, Diomande foi expulso por acumulação devido a uma falta sobre Trezza na zona do meio-campo — ou seja, o Sporting partia para a segunda parte sem um dos centrais titulares e a jogar com 10.

Os leões não estavam a ser perfeitos — longe disso –, mas souberam contornar a organização defensiva do Arouca e abrir o marcador com um bom momento de entendimento entre Edwards e Gyökeres. Para a segunda parte, o desafio passava por ultrapassar o obstáculo da inferioridade numérica, não conceder o empate e procurar o segundo golo de forma a não acumular uma instabilidade desnecessária.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Sporting-Arouca:]

Rúben Amorim mexeu logo ao intervalo, trocando Edwards por Matheus Reis e deixando Pedro Gonçalves numa espécie de posição ambígua entre o meio-campo e o ataque, apoiando Hjulmand e Morita mas mantendo-se sempre próximo de Gyökeres. No Arouca, Daniel Ramos procurou explorar a superioridade numérica e lançou Jason e Pedro Santos — e a mudança não demorou 10 minutos a ter impacto.

Num resultado da subida de linhas e setores que o Arouca impôs logo a partir da segunda parte, Jason desequilibrou na esquerda e cruzou de forma perfeita para a grande área, onde Rafa Mújica apareceu entre dois centrais a cabecear para bater Adán e empatar (52′). Rúben Amorim reagiu quase de imediato, trocando os donos dos corredores ao lançar Geny Catamo e Eduardo Quaresma para colocar Matheus Reis na esquerda e o jovem central no trio defensivo.

O jogo entrou numa fase mais anárquica depois do empate, com o Arouca a recuar e a mostrar-se algo confortável com a igualdade no resultado, enquanto que o Sporting procurava desequilibrar essencialmente através de transições rápidas e da exploração da profundidade. E teve resultados: Pedro Gonçalves afundou na esquerda, cruzou a meia-altura para o coração da grande área e Morita, depois de fugir aos centrais adversários, desviou para recuperar a vantagem leonina (68′).

O Arouca ainda ficou também com menos um jogador, por acumulação de cartões amarelos de Rafael Fernandes, e o Sporting acabou por vencer em Alvalade para regressar aos triunfos e manter a liderança isolada do Campeonato com mais um ponto do que o Benfica. Num dia em que jogou mais de 45 minutos com 10 elementos e em inferioridade numérica, a equipa de Rúben Amorim nunca sentiu que tinha menos um jogador e foi tudo graças a Gyökeres — o homem que marca, trabalha, arranja espaço, provoca expulsões e vale por dois.

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