Houve um pouco de tudo no último Grande Prémio da Indonésia – que por sinal era o primeiro no Circuito Internacional Citadino de Mandalika, em 2022. Houve uma chuvada brutal que ia adiando o arranque de dez em dez minutos depois das provas de Moto3 e Moto2, houve ventos fortes que impossibilitavam qualquer moto de andar em pista, um raio que caiu no próprio traçado e que deixou todos assustados. No final de todo este filme, fosse por destino ou por efeito das rezas feitas por locais em plena pista, a corrida realizou-se mesmo e Miguel Oliveira fez mais uma serenata entre os pingos da chuva, ganhando “sem espinhas” outra estreia de traçados no MotoGP tal como já tinha acontecido no Algarve em 2020. Agora, o português volta ao local onde foi feliz mas está a ser figura por mais do que a vitória conseguida no ano passado.

Não é para quem quer, é para quem pode: Miguel Oliveira faz história em Mandalika e vence Grande Prémio da Indonésia

“O Grande Prémio da Indonésia traz-me boas recordações. Ganhei a corrida no ano passado e isso dá-me motivação para a prova deste ano. Vamos iniciar uma sequência de três corridas seguidas e é importante para nós voltar aos bons desempenhos, principalmente nas qualificações. Estou confiante e ansioso por voltar a este circuito”, comentou o número 88 na antecâmara da prova. “Sabemos aquilo que o Miguel conseguiu fazer em condições muito complicadas no ano passado. Esperamos que esteja um tempo seco mas caso chova esperamos que ele possa repetir o seu melhor nesta pista”, acrescentou o “patrão” Razlan Razali.

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No entanto, a notícia é outra. Poucos dias depois do anúncio oficial da rescisão de contrato por mútuo acordo com a Honda após 11 anos de ligação, Marc Márquez foi confirmado como reforço da Gresini a partir do ano de 2024 (que deveria ser o último de vínculo com a marca japonesa). Ou seja, há um lugar agora em aberto por preencher e Miguel Oliveira continua a ser um nomes apontados, sendo que o próprio corredor nacional admitiu que foi contactado pela equipa nipónica tendo em vista a substituição do espanhol.

“Não existe nada em cima da mesa, foi apenas uma abordagem mas com nada de concreto”, admitiu o agora piloto da RNF Aprilia após uma longa ligação da KTM que deixou em 2022. “Esta época temos visto muitas coisas que nunca tinham acontecido. Vimos pilotos com contratos a serem colocados em casa, vi pilotos a revogarem os seus vínculos e a irem para outros sítios. Por isso, tudo é possível. Admito que é um prazer ser considerado por outra equipa, ainda para mais tão grande como a Honda e que tem um lugar para oferecer mas apenas isso”, acrescentou ainda o português a esse propósito já em declarações na Indonésia.

Márquez sai, o dominó no paddock começa e há três possíveis Hondas para Miguel Oliveira em 2024 (sempre pela saída do espanhol)

Miguel Oliveira fazia referência entrelinhas a alguns movimentos que têm acontecido ou que são falados para a próxima temporada, nomeadamente a mudança de Álex Rins para a Yamaha onde fará equipa com Fabio Quartararo (ocupando a vaga de Franco Morbidelli, que por sua vez vai para a Pramac Racing, que por sua vez perdeu Johann Zarco para a LCR Honda) e a troca na KTM de Pol Espargaró pelo jovem Pedro Acosta, líder do Moto2, na GasGas Factory Racing Tech3. No entanto, a RNF Aprilia já veio reforçar que não existe qualquer hipótese de troca do piloto português… pelo menos para outra equipa. “Não é verdade que o Miguel tenha uma cláusula que lhe permita sair caso seja pretendido por uma equipa oficial. Estamos muito satisfeitos com todos, quisemos contratá-los a todos, queremos que eles fiquem. Há contrato assinados e não são para serem quebrados. Não há cláusula alguma. Ele é, para todos os efeitos, um piloto de fábrica, uma vez que tem contrato diretamente connosco”, garantiu Massimo Rivola, diretor desportivo da Aprilia.

Ainda assim, esse pode não ser o único caminho a fazer Miguel Oliveira sair da RNF. Outra possibilidade que já foi falada prende-se com a possibilidade de Maverick Viñales ocupar a posição de Marc Márquez na equipa principal da Honda, o que faria com que o português passasse para a equipa de fábrica da Aprilia.