Tudo parecia estar a correr bem à luz do que estava a acontecer mal. Apesar de sair da 16.ª posição, a sexta linha da grelha não foi um obstáculo para Miguel Oliveira subir vários lugares no Grande Prémio do Japão até a um quarto posto que chegou a prometer o ataque ao pódio. No entanto, e desta vez, até a chuva foi algo prejudicial para o piloto português, que deixou de conseguir ver, voltou às boxes e não teve pouco depois a oportunidade de voltar a uma corrida onde poderia ganhar pontos importantes para subir na classificação do Mundial antes da passagem pela Indonésia, onde se estreou em 2022 logo com uma vitória. Quando algo está a ficar de feição para o português, surgem muitas vezes imprevistos que impedem de ir mais longe. Todavia, nem por isso o trabalho que faz deixa de ser reconhecido e valorizado, como se continua a perceber.

Vitória de Jorge Martin no Japão relança Mundial de MotoGP

Ponto de partida para todas as especulações no paddock numa fase em que se aproximam as decisões finais para o Mundial de 2024? Marc Márquez. Apesar do pódio conseguido no Japão, o primeiro da temporada atrás de Jorge Martín e Pecco Bagnaia (os dois grandes candidatos ao título, sem esquecer Marco Bezzecchi), o espanhol que foi seis vezes campeão entre 2013 e 2019 sente que as coisas com a Honda não estão a correr bem nem para ele nem para a equipa e admite deixar a equipa no final da época apesar de ter mais um ano de contrato com a marca japonesa. Foi isso mesmo que ficou confirmado esta quarta-feira por ambos.

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“A Honda Racing Corporation and Marc Márquez chegaram a acordo para terminar de forma permanente o acordo que tinham em 2023. Apesar de faltar ainda um ano no vínculo que tinha sido assinado, as partes decidiram por mútuo acordo o fim da colaboração no final do Mundial de 2023 porque era do interesse de ambos seguir outras estradas para atingir no futuro os respetivos objetivos e metas. Isto coloca fim a 11 anos de colaboração entre o número 93 e a HRC nos quais alcançaram seis Campeonatos do Mundo, cinco Triple Crowns, 59 vitórias, 101 pódios e 64 pole positions juntos”, confirmou a marca em comunicado.

Desta forma, está confirmado mais um passo para uma mudança que irá proporcionar um autêntico dominó nos corredores e respetivas em 2024, com Marc Márquez cada vez mais apontado à Gresini Racing, que faz parte da Ducati, onde iria fazer equipa com o irmão mais novo, Álex. Ou seja, Fabio Di Giannatonio que leva seis top 10 em 2023 sem passar da oitava posição como melhor registo, tem o lugar em risco. E não é do italiano que se fala como possibilidade para reforçar a Honda no lugar do espanhol na próxima época, sendo que esse jogo de cadeiras já chegou também a Miguel Oliveira com duas possibilidades agora em aberto.

Possibilidade 1: o português sobe à equipa principal da Aprilia, fazendo equipa com Aleix Espargaró. Quando trocou a KTM pela Aprilia, mesmo tendo em conta que iria começar na RNF que se estreava como equipa satélite após a ligação com a Honda, era claro que, a breve/médio prazo, Miguel Oliveira já estava apontado ao conjunto principal, tal como aconteceu quando passou da Tech3 para a KTM. Para isso poder acontecer em 2024, Maverick Viñales, apontado como a grande escolha da Honda para o lugar de Márquez, teria de juntar-se mesmo à formação japonesa, abrindo assim o espaço para uma sucessão quase “natural”.

Possibilidade 2: o português ruma à Honda. De acordo com a revista especializada Speedweek, um agente de pilotos tem estado a contactar vários nomes nos últimos dias, “até mesmo Miguel Oliveira, que tem contrato com a Aprilia até 2024”. Pormenor sobre o português que deixou todos surpreendidos? Existe uma espécie de pacto entre todas as equipas do MotoGP para não haver contactos com pilotos que estejam com contrato a não ser na pausa de verão quando o corredor termina a ligação nesse ano. Não é o caso. “Foi um movimento desesperado”, destaca sobre as movimentações da Honda. De referir que já na semana passada a DAZN tinha referido que a equipa nipónica sondava não só engenheiros e diretores mas também pilotos.

Possibilidade 3: o português faz um ano de consolidação na RNF Aprilia. Apesar dos rumores, e a não ser que existam novas peças neste autêntico puzzle com a possibilidade de Fabio Quartararo rumar à Honda deixando uma vaga em aberto no conjunto principal da Yamaha, Miguel Oliveira deverá ter “apenas” um ano de consolidação na atual equipa em 2024, com ambas as partes a terem noção de que se não fossem os abalroamentos que afastaram o português nas primeiras corridas e alguns problemas técnicos em prova e o português ocupava nesta fase uma posição no top 10. Mais: outra das possibilidades que a Honda estuda é resgatar Pedro Acosta, atual líder do Moto2, à KTM. Ainda assim, até mesmo estando numa equipa satélite como é a RNF Aprilia, o número 88 continua a ter muitos olhares centrados no seu futuro no MotoGP.