Apoiantes do Climáximo taparam com cimento os buracos de um campo de golf do Paço do Lumiar, num protesto contra a quantidade “absurda de água” utilizada para manter um espaço que, sublinham, serve “para o luxo dos ricos”. A ação, que terá deixado o campo inutilizável, decorreu na quarta-feira à noite e foi divulgada nas redes sociais do grupo esta quinta-feira.
“Estes espaços, dentro da cidade, ao invés de serem convertidos em floresta, habitação, hortas urbanas, ou dados qualquer tipo de uso público, servem para o luxo dos ricos (…). São como uma torre de marfim onde os culpados por estas crises se escondem enquanto a população sofre com a seca e ondas de calor”, defendeu um dos autores da ação, cujo nome não foi divulgado, citado num comunicado enviado pelo Climáximo às redações.
Na ação dos apoiantes do grupo também foram trocadas as bandeiras características do campo de golf pelas usadas pelos Climáximo nas suas manifestações públicas. “Desarmar as armas”, pode ler-se numa delas, numa referência ao plano de desarmamento do coletivo, que inclui parar com todos os projetos “de morte” — na sua ótica, a construção de aeroportos ou gasodutos –, o consumo “supérfluo e de luxo” e cancelar todos os investimentos em combustíveis fósseis.
“Nós sabemos como parar esta guerra e instaurar a paz. E isso significa que as empresas, os CEOs e acionistas que gastam os seus lucros exorbitantes nestes campos de luxo têm que pagar a transição energética”, disse ainda outra das apoiantes do Climáximo, referindo-se ao plano de paz também proposto pelo coletivo. “Precisamos também de revalorizar o bem comum. O lazer, a cultura e o desporto têm que ser acessíveis para todas as pessoas, não o luxo de uma elite”, acrescenta.
Os autores da ação sublinham que a crise climática transformou cada um dos lagos numa “mina aquática, prestes a explodir e matar dezenas de pessoas à mínima perturbação meteorológica”. “Segundo os cientistas, os oceanos estão a aquecer ao mesmo ritmo” que seria registado “se cinco bombas atómicas de Hiroshima fossem lançadas na água a cada segundo”, alegam também.
A ação de quarta-feira é uma repetição de um protesto organizado pelo Climáximo em Oeiras, em julho. Na altura, apoiantes do coletivo entraram também num campo de golf e cobriram os buracos com cimento, criticando as “desigualdade no acesso à água e a responsabilidade acrescida da alta classe pela crise climática”.
“As pessoas comuns estão a sofrer, a serem despejadas por senhorios ou inundações, sujeitas à precariedade pelos preços de uma energia fóssil e obsoleta, enquanto que uma elite goza descaradamente dos seus luxos”, sublinhou o coletivo no comunicado em que divulgou a ação dos seus apoiantes.
Ao longo da última semana, o coletivo tem reforçado as suas ações, com repetidos bloqueios de estradas na capital, incluindo na Avenida de Roma, na rua de São Bento e na Segunda Circular, resultando na detenção de vários dos seus membros.