O Livre nega ter dado acordo para um voto de condenação aos ataques do Hamas em Israel, juntamente com o PS e o PSD. Rui Tavares quer que o texto consensualizado expresse também a solidariedade com o povo palestiniano. Fonte oficial do partido diz ao Observador que o Livre “não deu acordo” para o texto que foi acordado esta manhã. “O PS estranha a posição e vai tentar apurar o que se passou”, diz Francisco César ao Observador afirmando que existia um acordo com o PSD, mas também com o Livre.

A notícia do acordo foi avançada ao início da tarde e incluía PS, PSD e Livre mas pouco depois fonte oficial do partido de Rui Tavares fez saber ao Observador que tinha existido uma conversa na quinta-feira à noite onde isso não tinha ficado fechado. No PS, a versão é outra e garante-se que o Livre estava de acordo com o texto há uma semana. As divergências que entretanto se verificaram — e foram esta quarta-feira  noticiadas pelo Observador — existiam dentro das bancadas do PS e do PSD.

No entanto, ao início da tarde desta quinta-feira e já depois do anúncio do acordo entre os três, Rui Tavares fez saber que não está dentro da solução que foi agora encontrada e que pôs de acordo as direções das bancadas do PSD e PS. E isto porque o texto, que teve por base as propostas do Grupo Parlamentar de Amizade Portugal-Israel e também do Livre, não incluía uma frase de solidariedade com o povo palestiniano.

Na proposta que o Livre levou à comissão parlamentar no início de toda esta discussão,  era reconhecido “o direito dos Estados à legítima defesa”, não referindo explicitamente Israel, como depois acabou por ficar no texto final. E condenava “todos os ataques israelitas que ultrapassem a necessidade e proporcionalidade definida no direito internacional”, expressando o “mais profundo pesar pelas vítimas destes ataques, em especial as crianças, e solidarizando-se com as famílias e amigos destas vítimas e com o povo palestiniano“.

Na tentativa de um consenso difícil, onde estavam a ser levantadas várias reservas por parte de deputados de PS e PSD (incluindo o presidente da comissão de Negócios Estrangeiros, Sérgio Sousa Pinto, e o coordenador do PSD na Comissão, Tiago Moreira de Sá), a frase do Livre não vingou. E não esteve sequer, segundo verificou o Observador, na primeira tentativa de um texto de fusão.

Agora o PS alega que o Livre não levantou essa questão quando confrontado com a primeira versão do texto de fusão, enquanto Rui Tavares garante que esta foi sempre a posição do Livre. O partido diz que, do seu ponto de vista, “as negociações ainda decorrem”. No lado do PS, o acordo foi dado como fechado e não há, para já, abertura para novas alterações ao que ficou escrito.

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