Cientistas avistaram em Portugal uma espécie exótica de enguia, a chamada enguia-fantasma, comum nos oceanos Índico e Pacífico e que é comercializada na Europa para aquários decorativos, divulgou esta segunda-feira em comunicado a instituição onde trabalham.

A espécie, que tem a designação científica de Pseudechidna brummeri, foi avistada e filmada em agosto do ano passado durante um mergulho noturno junto ao porto de pesca de Porto Covo, a cerca de um a dois metros de profundidade, mas a sua identificação só recentemente foi validada por pares quando a equipa do Mare — Centro de Ciências do Mar e do Ambiente descreveu a descoberta num artigo científico publicado este mês na edição digital da revista Marine Pollution Bulletin.

Joaquim Parrinha, que tem uma escola de mergulho e é investigador do polo do Mare de Coimbra, viu e filmou a enguia que pertence à família das moreias. Sónia Seixas, investigadora na mesma instituição, procedeu à sua identificação estudando exaustivamente a espécie.

Quando a vi, reconheci-a. Mas tinha de ter a certeza absoluta”, afirmou Sónia Seixas à Lusa.

A observação desta espécie, conhecida também como enguia-de-fita, uma vez que se assemelha a uma fita que se enrola, é inédita em Portugal e no Atlântico, assegura a docente e investigadora.

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A espécie tem mais de um metro de comprimento e apresenta uma coloração creme que lhe permite esconder-se sob a areia dos fundos e atacar as presas durante a noite, normalmente pequenos peixes e crustáceos.

Os cientistas desconhecem as razões para o aparecimento desta espécie em águas atlânticas e nacionais, mas admitem como hipótese que tenha viajado na água de lastro de algum navio que tenha aportado em Sines.

“Provavelmente há alguns anos, pois a espécie é de crescimento lento”, adiantou Sónia Seixas.

Outra das hipóteses é esta enguia “ter sido introduzida na natureza a partir de aquários marinhos caseiros de água salgada em virtude da espécie ser comercializada como ornamental para a aquariofilia”.

O Mare pretende monitorizar a zona onde o espécime de enguia-fantasma foi observado para perceber os motivos do seu aparecimento e verificar se há outros exemplares e os possíveis impactos no ecossistema local, dado que é uma espécie predadora.

“Queremos monitorizar esta zona de modo a perceber o que se passa, mas para isso vamos tentar obter financiamento que nos permita executar o trabalho”, disse a investigadora Sónia Seixas.