A Transtejo está a analisar a possibilidade de antecipar a operação do primeiro navio elétrico da nova frota. Essa antecipação em alguns meses vai depender da chegada das três unidades concluídas que estão à espera (nas Astúrias) e da instalação do sistema de carregamento no cais do Seixal, que será o primeiro destino a testar a nova frota da empresa.

A informação foi avançada esta quarta-feira no Parlamento pelo ministro do Ambiente e Ação Climática que está a ser ouvido a pedido do PCP por causa dos atrasos e recuos registados neste processo que se iniciou em 2019. Duarte Cordeiro anunciou ainda que a fusão das duas empresas que fazem a travessia fluvial, com a integração da Soflusa na Transtejo, estará concluída até ao final de 2023.

Sobre o calendário da entrada em operação dos navios elétricos, Duarte Cordeiro sinalizou que depois da instalação dos postos de carregamento no Seixal, segue-se o Montijo em fevereiro, o Barreiro em Maio e Cacilhas em junho. A presidente da empresa ter reconhecido os vários atrasos e ter adiantado uma previsão de que a nova frota só estaria a operar no segundo semestre do próximo ano.

O ministro diz agora que esse prazo poderá ser antecipado em um trimestre, afirmando que com quatro navios — o primeiro já recebido e testado — e os três que aguardavam nos estaleiros para seguir rumo até Lisboa, a ligação com o Seixal por frota elétrica pode iniciar-se no primeiro semestre de 2024. Isto desde que tudo corra como previsto no prazo de entrega das baterias. Duarte Cordeiro admite até que o navio já testado, o Cegonha Branca, possa começar a fazer a travessia ainda este ano.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Navio elétrico da Transtejo, o Cegonha Branca

O Cegonha Branca já foi testado

“Neste momentos, não há nenhum obstáculo, estamos numa fase de operacionalização”. E 2024 será, acredita Duarte Cordeiro, “um ano de profunda mudança no serviço prestado”.

Transtejo: novos navios elétricos no Tejo só no segundo semestre de 2024

Esta antecipação surge na sequência do contrato de compra dos nove packs de baterias ter recebido o visto prévio do Tribunal de Contas na passada semana. O primeiro contrato adjudicado pela empresa por ajuste direto foi chumbado em fevereiro deste ano, situação que resultou na demissão da anterior administração e no lançamento de um concurso público que acabou por escolher o mesmo fornecedor: os Astilleros Gondán que são também os construtores dos navios. A luz verde obtida permite finalmente “juntar as baterias aos barcos”, sublinhou Duarte Cordeiro que deixou ainda elogios à ex-presidente da Transtejo, Marina Ferreira, pelo esforço e empenho no processo de renovação da frota.

O prazo de entregas prevê que cheguem mais quatro navios em 2024 e os últimos dois em 2025, concluindo o processo de renovação da frota lançado em 2019 e que sofreu percalços e atrasos. Duarte Cordeiro lamentou esses atrasos, mas regista com agrado que, depois do concurso para barcos a gás natural (GNL) ter ficado vazio em 2020, se tenha seguido a opção pela navegação elétrica. A ex-presidente da empresa afirmou que o Governo tinha recusado a hipótese dos navios elétricos apresentada pela empresa logo em 2019, tendo imposto o gás natural. Esta versão foi contrariada pelo ministro de então também ouvido no Parlamento. Matos Fernandes garantiu que a solução elétrica só lhe foi proposta depois do concurso inicial ter caído.

Ex-ministro não recorda proposta da Transtejo para navios elétricos em 2019, ao contrário do que disse ex-gestora

Duarte Cordeiro que sucedeu a Matos Fernandes na pasta com a tutela da Transtejo admite que o antecessor terá avançado com navios a gás natural liquefeito (GNL) porque que seriam a melhor solução com a informação disponível à data.

O investimento total na nova frota elétrica vai ascender a 96 milhões de euros mais 28 milhões de euros de manutenção.

O ministro admitiu ainda as falhas no serviço fluvial ente as duas margens do Tejo com o cancelamento de 9% das viagens previstas,e que atribui a avarias e paragens de manutenção. Apenas o Barreiro tem o número adequado de navios e Cacilhas (Almada) até está a operar com um navio a menos. A taxa de regularidade na Soflusa (Barreiro) até melhorou, enquanto a taxa de regularidade da Transtejo continua a ser má.

A par da nova frota, está a ser preparada a contratação de mais pessoal, afirmou também o ministro que argumentou ainda que a fusão das duas empresas vai permitir uma melhor gestão da frota e dos recursos humanos.

Apesar das falhas frequentes na prestação do serviço, o número de passageiros cresceu 3% até setembro e ultrapassou já este ano o tráfego registado em 2019, o ano anterior à pandemia.