Um agente da polícia e um jovem morreram esta sexta-feira durante manifestações, em Nampula e em Nacala, contra os resultados das eleições autárquicas em Moçambique, anunciou a Organização Não-Governamental (ONG) moçambicana Centro de Integridade Pública (CIP).

Polícia dispara gás lacrimogéneo em manifestação contra resultados eleitorais em Moçambique

Informação de última hora confirma a morte de um agente da polícia que teria sido atacado pela população, em Nampula”, refere o CIP no seu Bbletim sobre o processo político em Moçambique.

O agente terá sido morto em retaliação ao baleamento de uma criança de dez anos, à saída da escola, numa ação enquadrada na reação das autoridades às manifestações contra as eleições autárquicas, na cidade de Nampula, província com o mesmo nome, no norte do país.

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“O agente deu entrada no Hospital Central de Nampula, por volta das 10h00, mas viria a não resistir a ferimentos graves contraídos durante as agressões de que foi vítima”, indica o boletim.

Na cidade de Nacala, também na província de Nampula, um jovem morreu depois de ter sido atingido por um objeto contundente no Mercado Central de Nacala, durante escaramuças entre populares e a polícia, avançou o CIP.

As cidades de Nampula e Nacala-Porto estão a registar tumultos e a polícia está a responder com tiros de balas de borrachas e verdadeiras”, diz aquela ONG.

O CIP revelou ainda que na cidade de Nampula duas pessoas foram baleadas pela polícia. A Lusa ainda não conseguiu ouvir a reação da polícia às informações avançadas pelo CIP. Nas duas cidades, o comércio está paralisado, com os mercados e estabelecimentos comerciais encerrados, segundo o CIP. “Vive-se um cenário de guerra urbana”, descreve aquela ONG.

Aquela organização integrou um grupo de observadores eleitorais do Consórcio Mais Integridade que fiscalizaram as eleições autárquicas.

Na cidade de Maputo, a polícia moçambicana fez esta sexta-feira vários disparos de gás lacrimogéneo sobre milhares de pessoas numa manifestação contra os resultados das eleições autárquicas anunciados pela Comissão Nacional de Eleição (CNE).

A marcha foi convocada pelo cabeça-de-lista da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo, maior partido da oposição) à autarquia de Maputo, onde se afirma vencedor, Venâncio Mondlane, que apelou à população para “parar tudo” esta sexta-feira, protestando contra o que apelidou de “homicídio da democracia”.

Segundo os resultados anunciados por aquele órgão eleitoral, a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder) venceu em 64 das 65 autarquias do país, à exceção da Beira, ganha pelo MDM.