Era uma oportunidade de ouro de redenção, tornou-se sobretudo mais um capítulo nas dores de cabeça que enfrenta na época de estreia pela RNF Aprilia. Após falhar os pontos na corrida sprint do Grande Prémio da Tailândia, onde ganhara na estreia do circuito em 2022, Miguel Oliveira foi forçado a desistir logo na parte inicial da prova devido a mais um problema técnico que impediu que entrasse na luta pelos pontos ou, no melhor dos cenários, pelo regresso ao top 10. Agora regressava na Malásia, onde já ganhou e foi ao pódio em Moto2 e Moto3, com essa garantia de que havia alguns sinais de melhoria e com essa “vantagem” de já ter testado em fevereiro com a RNF Aprilia em Sepang, que recebia a antepenúltima corrida da época.

Miguel Oliveira obrigado a abandonar GP da Tailândia

“Recuando ao teste da pré-temporada no circuito de Sepang, lembro-me de ter tido um bom feeling com a Aprilia, numa altura em que experimentávamos a mota pela primeira vez nesta pista. Na prova anterior, em Buriram, conseguimos dar alguns passos na direção certa, pelo que devemos manter-nos abertos a novas ideia e focados”, comentava na antecâmara dos treinos livres em Sepang, ainda que admitindo não ter grande expetativa a nível de resultado: “Não quero mesmo entrar no fim de semana a esperar demasiado. É certo que dei um bom passo em termos de pilotagem e também na forma como configuramos a moto com a eletrónica comparando com o teste. Por isso espero render melhor e ser outra vez eu mesmo de agora em diante. Não foram momentos fáceis, mas acho que daremos a volta às coisas. Oxalá que sim”.

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Mais importante do que o próprio resultado na Malásia, até pelo atual 15.º lugar que ocupa no Mundial de 2023 sem possibilidades muitas posições (no melhor cenário podia ainda ascender à 12.ª posição, tendo para isso de superar Marc Márquez, Franco Morbidelli e Fabio Di Giannantonio), a semana foi importante a nível pessoal e profissional por outros motivos. Por um lado, o piloto português foi pai pela segunda vez; por outro, fechou o tabu em relação a uma possível saída para a Honda entre algumas críticas à marca nipónica.

“Após algumas tentativas de contacto, percebeu-se alguma falta de liderança e estratégia, por isso decidimos continuar aqui. Foi esse o meu compromisso desde o início e é aqui vou ser fiel”, destacou já na Malásia. “Mais do que aquilo que a Aprilia evoluiu, é a minha evolução na condução. Fizemos alterações na moto para o meu estilo, fiz-me mais à moto. Será uma experiência mais competitiva do que foi o teste. Com os quilómetros já feitos saberei mais a linhas a fazer e como guiar a moto até tirar o máximo partido dela. Num pelotão super competitivo, estando um bocadinho com mais dúvidas ou com mais dificuldades, ficamos no fim da tabela sem razão aparente. É a realidade do MotoGP, o campeonato mais competitivo do mundo. Temos de estar a 200% o tempo todo e é isso que espero este fim de semana”, realçou em paralelo.

E foi mesmo isso que voltou a acontecer nas duas sessões de treinos livres. Após uma sessão inicial em que foi o segundo melhor piloto da Aprilia com o 12.º melhor tempo, atrás de Aleix Espargaró e à frente de Raúl Fernández e Maverick Viñales, Miguel Oliveira não conseguiu dar o “salto” na segunda sessão e afundou-se no apuramento para a Q2, ficando com o modesto 19.º registo com 1.59,150, a mais de 1,3 segundos do mais rápido, Álex Márquez (1.57,823). E os resultados aquém foram quase transversais a todos os pilotos da Aprilia, com Raúl Fernández e Aleix Espargaró, que caiu, a falharem a Q2 ao contrário de Viñales, que fez grandes melhorias e terminou com o quinto melhor tempo. Além de Álex Márquez e de Maverick Viñales, seguiram ainda para a Q2, que se realiza na próxima madrugada em Portugal (2h50) Jorge Martín, Jack Miller, Brad Binder, Luca Marini, Fabio Quartararo, Pecco Bagnaia, Marco Bezzechi e Johann Zarco.

“No geral foi um dia bom, positivo. Fizemos uma boa progressão da manhã para a tarde. Demos um passo em frente na mota. Antecipámos um pouco o time attack na sessão da tarde, porque receámos que a chuva chegasse e interrompesse a sessão. Pouco mais a dizer: pneus muito diferentes, com grips diferentes, e no final não consegui melhorar o tempo Não tínhamos mais médios para rodar, o meu médio desta manhã era pré-aquecido, dava uma sensação de muito baixo grip. À tarde, decidimos não usar esse médio para não confundirmos as sensações e fomos com um duro novo, e depois antecipámos o time attack, por isso é que saí com os dois novos”, comentou o piloto português à SportTV após as sessões de treinos livres.

“Amanhã [Sábado] é fazer o melhor possível. O nosso objetivo é qualificar o mais à frente possível, se isso implicar ir à Q2, melhor. Neste momento, não temos toda a facilidade do mundo para fazer um time attack, porque nos falta muita aderência, tanto para parar a mota, como para acelerar. Sabemos que este foi um dos circuitos mais difíceis para esta mota no ano passado. Temos um trabalho duro pela frente, mas estou confiante que de podemos fazer um bom trabalho amanhã [sábado]”, acrescentou Miguel Oliveira.