Na madrugada de domingo, foram disparados tiros contra uma escola judaica, em Montreal, no Canadá, numa altura em que as tensões aumentam devido ao conflito no Médio Oriente. Este é o segundo ataque, em menos de uma semana, cometido contra estabelecimentos de ensino da comunidade.

A escola Yeshiva Gedola de Montreal acordou na manhã de domingo com a fachada danificada por balas e, mais tarde, foram encontrados os cartuchos disparados. No entanto, de acordo com Caroline Chevrefils, porta-voz do Departamento de Polícia de Montreal, o edifício, situado no bairro Côte-des-Neiges, estava vazio durante o ataque e não há vítimas a lamentar, avança a ABC News.

A polícia terá começado a receber alertas por volta das cinco da manhã de domingo e, segundo as autoridades, uma testemunha viu um carro a sair do local a alta velocidade. Contudo, ainda não há detidos.

Este ataque, que está a ser investigado como um crime de ódio contra judeus, junta-se a outros dois, semelhantes, na passada quinta-feira, quando as portas de entradas da Escola Primária Talmud Torah e a mesma Yeshiva Gedola foram alvo de tiroteios, sem causar feridos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Justin Trudeau, numa publicação no X, condenou o sucedido e afirmou que o “ódio não tem lugar no Canadá e temos de estar todos unidos contra ele”. 

Anthony Housefather, deputado de Mount Royal, região onde se situa Talmud Torah, garantiu, através das redes sociais, que a segurança foi reforçada e refere que “nada do que está a acontecer no Médio Oriente justifica o ódio antissemita, as ameaças e os ataques no Canadá“.

Lionel Perez, porta-voz da Yeshiva Gedola de Montreal, lamentou, numa conferência de imprensa, “que a comunidade judaica e a instituição tenha sido alvo de crimes de ódio e violência”, de acordo com a CBC News, mas garante que, ainda que o incidente tenha sido um “ataque terrorista”, a comunidade “não se deixará aterrorizar”.

Para a Presidente da Câmara de Montreal, Valerie Plante, os acontecimentos de domingo mostram que “a comunidade judaica em Montreal está atualmente a ser atacada”, cita a ABC. “Podemos ter opiniões diferentes. Mas não há razão — não há razão que justifique disparar contra uma escola primária, contra as nossas comunidades. Um ato antissemita como este não tem lugar em Montreal”, sublinha Plante. 

Também Michael Mostyn, diretor executivo do grupo de defesa dos judeus B’nai Brith no Canadá, condenou o incidente que caracterizou como “absolutamente incompreensível”. “Como é que isto pode estar a acontecer num país civilizado? Esperamos que a polícia de Montreal consiga chegar ao fundo da questão e manter a comunidade judaica em segurança”, declarou Mostyn.

O primeiro-ministro do Quebec, François Legault, garantiu que “serão feitos todos os esforços para encontrar e punir os culpados”, avança a CBC. “A nação do Quebeque é uma nação pacífica. Não vamos importar o ódio e a violência que vemos noutras partes do mundo”, frisou.

Já no início da semana passada, foram lançados cocktails Molotov contra uma sinagoga nos arredores da cidade e, na quarta-feira, uma manifestação relacionada com o conflito israelo-palestiniano, na Universidade Concordia, em Montreal, desencadeou embates violentos, dos quais resultaram um detido e vários feridos.

Fontes da universidade afirmaram que o estabelecimento tem assistido a “um aumento preocupante de atos de intimidação e comportamentos intolerantes”, cita o The Guardian.

O conflito entre Israel e o Hamas tem dividido o Canadá e aumentado as tensões. Conforme a porta-voz do Departamento de Polícia de Montreal, entre 7 de outubro e 7 de novembro, as autoridades registaram 73 crimes e incidentes de ódio contra judeus e 25 contra muçulmanos. Já as forças policiais de Toronto referem que os crimes contra estas comunidades duplicaram face ao registado em 2022, de acordo com informação partilhada pelo jornal britânico.