O último jogo da carreira de Megan Rapinoe foi tudo aquilo que ninguém esperava que fosse. Aos seis minutos da final da NWSL, contra o Gotham FC, a jogadora do OL Reign rompeu o tendão de Aquiles e saiu do relvado a coxear e sem poder discutir o último capítulo de um percurso que incluiu a conquista de dois Mundiais, uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos e uma Bola de Ouro. O OL Reign perdeu, com o Gotham FC a sagrar-se campeão norte-americano. E no final de jogo, de forma natural, Megan Rapinoe era uma mulher amargurada.

“Não sou uma pessoa religiosa nem nada disso, mas isto é a prova de que Deus não existe. É lixado. É só lixado. Seis minutos de jogo e dou cabo do tendão de Aquiles”, disse a jogadora de 38 anos, que não deixou de ser ovacionada enquanto saía de campo quase sem conseguir andar, mas que não escondeu as lágrimas de quem não conseguiu lugar pelo último título de uma carreira brilhante. O que Rapinoe não sabia, porém, era que a reação na zona de entrevistas rápidas iria trazer-lhe uma enorme onda de choque.

O comentário da norte-americana sobre Deus motivou muitas críticas por parte de adeptos e adeptas, essencialmente nos Estados Unidos, e abriu a porta a um comentário mais agressivo de Piers Morgan, o polémico jornalista britânico. “Eu diria que esta é a prova definitiva de que Deus existe e partilha a minha opinião: esta prima donna arrogante, de cabelo cor de rosa e fruto da auto-promoção não merecia a despedida gloriosa que desejava desesperadamente. Não pela primeira vez nos últimos anos, o gigantesco ego de Rapinoe foi exposto por prometer mais do que o seu outrora grande mas decadente talento pode cumprir”, escreveu Morgan para a Sky News Australia.

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Mais perto de casa, na ESPN, Megan Rapinoe ouviu o apresentador Sage Steele chamar-lhe “narcisista” e o locutor conservador Jason Rantz considerá-la “sem classe e repugnante”. Horas após o final do jogo — e claramente já tendo noção da polémica que tinha originado –, a norte-americana deu a ideia de ter feito uma piada na intervenção anterior.

Megan Rapinoe, o símbolo da revolução americana que sorri no meio do caos

“Tenho um enorme sentido de humor, graças a Deus. É devastador sair tão cedo de uma final. Toda a gente está a perguntar-me quem é que magoou, mas é óbvio que nem tinha ninguém por perto, estava eu a pressionar. Senti um enorme estalo e depois já nem conseguia sentir tendão nenhum. Foi o pior desfecho possível”, atirou Rapinoe, que continua a estar no olho do furacão até depois de já ter terminado a carreira.