O Partido Socialista apresentou uma proposta de alteração ao Orçamento do Estado que deixa cair a subida prevista no Imposto Único de Circulação (IUC) para automóveis até 2007.

Numa das quase 100 medidas apresentadas pelo PS justifica-se a proposta para retificar o Orçamento do Estado do Governo com uma “questão de justiça social e proteção dos cidadãos com maior vulnerabilidade económica”. Esta foi a última das 99 propostas de alteração apresentadas pelos socialistas que entrou já perto do prazo final dado aos partidos.

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Depois do aumento ter sido defendido por todos os membros do Governo que relativizaram o seu impacto no rendimento com o teto de 25 euros anuais definido para a subida do IUC, os socialistas reconhecem agora  os argumentos invocados pela oposição.

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“O veículo ligeiro é em muitos casos ainda a principal forma de deslocação para o trabalho ou para deslocação até ao meio de transporte público mais próximo, principalmente fora das principais cidades do país e em zonas de média e baixa densidade, onde a oferta de transportes públicos é reduzida e desadequada às necessidades diárias de mobilidade. Nestes casos, em que o carro é uma absoluta necessidade, acresce o facto de muito cidadãos não terem meios financeiros para a substituição por um veículo mais recente”.

Já esta terça-feira, Fernando Medina tinha admitido alterações na proposta vindas do PS.

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Mas no dia anterior, o ministro do Ambiente e Ação Climática, Duarte Cordeiro, tinha defendido a subida do imposto para os carros mais antigos, com o argumento de que “nenhuma camada da população deve ficar isenta. Estamos a falar de um Orçamento que devolve rendimentos. Não acho que pagar 2 euros por mês (25 euros por ano do aumento do IUC) seja algo tão chocante.”

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A subida do IUC para os carros anteriores 2007 e para motos, para incorporar o impacto das emissões de CO2 que já é cobrada no imposto aplicado aos veículos matriculados depois dessa data, é a medida mais impopular deste Orçamento do Estado. Existia até uma petição ao Parlamento a pedir a eliminação deste agravamento com mais de 400 mil assinaturas.

Antes da demissão do primeiro-ministro, que defendeu esta medida no arranque da discussão da proposta de Orçamento do Estado, o Governo estava alinhado na defesa da subida do IUC em nome da transição energética e com o argumento de que este Orçamento ia potenciar recuperação e até subida de rendimentos, o que permitiria suportar um custo adicional de dois euros por mês (em cada ano). Ainda que esse agravamento gradual pudesse durar até 10 anos.

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O agravamento deste imposto ia gerar uma receita adicional de 84 milhões de euros e era complementada com o regresso dos incentivos ao abate de automóveis antigos na compra de novos.

A alteração apresentada agora pelos socialistas surge num contexto de crise política em que foram marcadas eleições antecipadas para 10 de março.